domingo, janeiro 31, 2010

re.flec.tir













1-Transitiva, a água reproduz a imagem.




2-Intransitivo, o pombo, muda de direcção seguindo por caminho contrário ao primeiro.




3-Reflexo, da fome?

é por decreto proibido

dar milho aos pombos.

é por decreto proibido

dar esperança aos homens

velhos

que sobreviveram à fome

- à fome.

é proibido

-terminantemente-

proibido dar esperança

às mulheres

- velhas-

que resistiram aos homens

-aos homens.

Milho e esperança alimentam o vôo.

-querem-nos por decreto, aqui.

pequenas sombrias, pequenos na sombra.





27 comentários:

Mar Arável disse...

Não há revoluções

com estômagos vazios

Alberto Oliveira disse...

... da sede, da sede.

Da sede que lhe tenho por me estragar o casaco acabado de estrear que o malvado do bicho não foi de modas: obrou onde mais lhe conviu(?) que a municipalidade ainda faz as casas para as aves à antiga portuguesa. Sem casa de banho nem sanita.

A imagem representa o pombo numa rua sem trânsito a fazer a higiene íntima.

Reflexo urbano despido de casas onde os botões se acolhem ao fim de um dia de trabalho: abotoa, desabotoa, abotoa, desabotoa...

lá se me colara... m os de dos ao te c la do

be ij os e s o rri s os.

Justine disse...

Não, reflexo do teu bom gosto:))

(gosto mais do cheirinho a café...mas agora a cola dá de facto mais jeito :)))))

MagyMay disse...

Sim, reflexo da fome...
de alimento que não se trinca.

Mudásti... mudásti....
Mudar é bom e voltar a mudar o mudar continua ainda a ser bom e....

Beijos, goma (arre, que ficamos coladas e assim não se pode dar milho aos pombos ... :))

Alberto Oliveira disse...

... ontem era apenas um pombo, hoje são às dezenas! Assim sou um alvo mais fácil, não é verdade?

Arábica disse...

Oh Légivelmente ALberto é o que faz dar milho aos pombos ;)))

Anónimo disse...

que barulhinho é este ? :) sabes, tenho muitas razões para detestar os pombos... enfestam-me as janelas e os parapeitos da casa toda... não consigo livrar-me das caganitas deles... mas gostei muito da tua poesia. um beijinho*

maré disse...

nunca saberemos.

quem sabe dos antagónicos
caminhos do olhar?

____

beijo arábica

Duarte disse...

Fizeste-me voltar a Lisboa quarenta anos depois...
Tenho gravada a imagem daquela senhora, que chegou a um banco, da avenida da Liberdade, ao mesmo tempo de dezenas de pombas; num suspiro as pombas inundaram-na; o segredo estava no que levava no seu regaço, comida para elas... todo um espectáculo: inolvidável! Maravilhoso!

Um grande abraço

Laura Ferreira disse...

Estas imagens puseram-me nostálgica...

Alberto Oliveira disse...

... é boa! os pombos viraram piriquitos, papagaios e araras!! Ganda circo!!!

MagyMay disse...

ó arábica goma, trate-me o senhor doutor dentista o meu querido dentinho, amanhã e fique eu feliz e contente sem esta sensação de dente canino a ladrar todo o dia e...
Desafio-te para, 5ªfeira ao final da tarde, um duelo de paladar ao teu antigo cheirinho aí nessa banda e ajustamos o dia em que vamos dar milho aos pombos... nos Capuchos!!!

(amanhã confirmo a minha ida a Lx na 5ªfeira... dependendo obviamente tb da tua disponibilidade e do estar afim)

Beijo

augusto, um entre mil disse...

Creio que terá sido S. Francisco de Assis a dizer que deveria somente ser proibido proibir...

A.S. disse...

Soberbo! Desde a subtileza das palavras ao fascinio das imagens e do cantar dos pássaros!!!


Um beijo
AL

Alien8 disse...

Arabica,

Adorei as tuas reflexões, escritas e fotografadas.

Sobretudo, a felicíssima combinação de ambos os tipos.

Um beijo.

Licínia Quitério disse...

Um pequeno/grande poema que logo imagino dramatizado, estás a ver? Assim falaste do voo e da ausência dele, de ir ao fundo e voltar.

Nota: a música de piados é uma aflição para as minhas gatas.

Beijinho, Dona Goma.

alecerosana disse...

Passo e deixo um abraço. Gosto do que escreves.

:))

mixtu disse...

a dar milho à vida
dormi na eira para que o milho não fosse furtado,
serviu para pagar a renda, 3 alqueires de milho...

volar...

abrazo serrano

Anónimo disse...

belíssima edição-
ELOQUENTE.

SAUDAÇÕES

mdsol disse...

Tão bem que aqui estive, linda Arábica.

Beijinho

:)))

Anónimo disse...

milho e esperança, para as duras caminhadas, diria eu.

a Humana passou por aqui e ficou bastante aborrecida. acho que se serviu de um café e ficou com a boca cheia de cola.

marradinhas e patadinhas da bicharada e um abraço da Humana

Rosa dos Ventos disse...

Fiquei comovida com as tuas reflexões!

Abraço

Alberto Oliveira disse...

E gatos? é que não se vê um bichano por aqui...
Razão tem a Licínia: um suplício para um tareco ouvir essa sinfonia...

beijos ó desaparecida do pombal urbano.

Teresa Durães disse...

chama-se escravidão moderna! acabem com a esperança toda, destruam o vaso de pandora!

O Árabe disse...

Entretanto, certos decretos errados a natureza nos leva a descumprir. :) Boa semana, amiga!

MagyMay disse...

Novidades? Novidades?

Não é por nada mas já dei milho a estes pombos, sei lá quantas vezes...

Boa semana
Beijos

bettips disse...

Proibido ter asas e desejos
e muito menos desejos de asas.
Seremos clandestinos nos beirais
das palavras.
Pensaremos baixo o sussurro dum país
que sonhávamos.

Como os pombos.
Livres.
Bjinhos