Gostei da quietude deste lugar esquecido, onde os silêncios ecoavam berberes pela pele, e os ventos viviam sem norte. Estrangeira de mim, nómada serena.
O vento pode ser a nossa segunda pele, se não recearmos a vulnerabilidade... (adivinho que tenhas publicado um desenho ou uma foto, mas não consigo ver nada a não se o texto - que me é suficiente, contudo! A música, um encantamento...) Abracinhos quase sem coxear:))
"Estrangeira de mim, nómada serena" belíssimo verso na coda deste poema epigramático que transmuta em suaves estrofes a serenidade da (muito bela) imagem. Voltarei mais vezes a este espaço... luís filipe pereira
Por aqui o vento soprou forte, e limpou as árvores de folhas, agora mais nuas; com os braços erguidos ao vento, a pedir um novo equinócio que faça brotar as folhas, e os enroupe!
Vive dentro de mim uma cabocla velha de mau-olhado, acocorada ao pé do borralho, olhando para o fogo.
Benze quebranto. Bota feitiço Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro. Ogã, pai-de-santo.
Vive dentro de mim a lavadeira do Rio Vermelho. Seu cheiro gostoso d'água e sabão. Rodilha de pano. Trouxa de roupa, pedra de anil. Sua coroa verde de São-caetano.
Vive dentro de mim a mulher cozinheira. Pimenta e cebola. Quitute bem feito. Panela de barro. Taipa de lenha. Cozinha antiga toda pretinha. Bem cacheada de picumã. Pedra pontuda. Cumbuco de coco. Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim a mulher do povo Bem proletária Bem linguaruda, desabusada, sem preconceitos, de casca-grossa, de chinelinha, e filharada.
Vive dentro de mim a mulher roceira. -Enxerto de terra, Trabalhadeira. Madrugadeira. Analfabeta. De pé no chão. Bem parideira. Bem criadeira. Seus doze filhos, Seus vinte netos.
Vive dentro de mim a mulher da vida. Minha irmãzinha tão desprezada, tão murmurada Fingindo ser alegre seu triste fado.
Todas as vidas dentro de mim: Na minha vida - a vida mera das obscuras!
Cora Coralina
...querida linda, trago beijos neste dia de todas nós!
OLá. Permite-me a correção. Não é blog votado ao esquecimento...é um porto onde regresso por vezes....mas tenho lá um link..... gostei das tuas palavras Gui coisasdagaveta.blogs.sapo.pt
24 comentários:
Talvez num qualquer deserto estivesse bem melhor do que aqui...
Vagabunda do tempo.
Beijo.
E que me lembras...
... Ora em quietudes, ora com ventos, está a nómada vestida de lãs quentinhas...
Abraço, abraço, abraço
O vento pode ser a nossa segunda pele, se não recearmos a vulnerabilidade...
(adivinho que tenhas publicado um desenho ou uma foto, mas não consigo ver nada a não se o texto - que me é suficiente, contudo! A música, um encantamento...)
Abracinhos quase sem coxear:))
Pele sobre pele, sobre pele e a fragilidade ainda. Muito bonito. E a música... bahhh!
Lindo... de tão pequeno.
"Estrangeira de mim, nómada serena" belíssimo verso na coda deste poema epigramático que transmuta em suaves estrofes a serenidade da (muito bela) imagem.
Voltarei mais vezes a este espaço...
luís filipe pereira
as nortadas trazem um frio de sombras que se alojam nos olhos
só a pele se guarda...
ainda assim um chá bem quente
e esta nómada forma de ouvir
beijos arabica
Por aqui o vento soprou
forte, e limpou
as árvores de folhas,
agora mais nuas;
com os braços erguidos
ao vento, a pedir
um novo equinócio
que faça brotar as folhas,
e os enroupe!
Notas carregadas de som...
Um forte abraço para TI
O vento
de preferencia
ouvi-lo
Bjs
Só a brisa afaga.
Os afectos dos nómadas que chegam ao quente-lar-quase-tenda!
Bjinho
Deves ter gostado mesmo muito, Vanda :)
Um abraço e bom fim de semana!
Os Elementos têm sido inclementes.
De tanto chover, já do sol me vi esquecer?
Saudações
...Todas as Vidas
Vive dentro de mim
uma cabocla velha
de mau-olhado,
acocorada ao pé
do borralho,
olhando para o fogo.
Benze quebranto.
Bota feitiço
Ogum. Orixá.
Macumba, terreiro.
Ogã, pai-de-santo.
Vive dentro de mim
a lavadeira
do Rio Vermelho.
Seu cheiro gostoso
d'água e sabão.
Rodilha de pano.
Trouxa de roupa,
pedra de anil.
Sua coroa verde
de São-caetano.
Vive dentro de mim
a mulher cozinheira.
Pimenta e cebola.
Quitute bem feito.
Panela de barro.
Taipa de lenha.
Cozinha antiga
toda pretinha.
Bem cacheada de picumã.
Pedra pontuda.
Cumbuco de coco.
Pisando alho-sal.
Vive dentro de mim
a mulher do povo
Bem proletária
Bem linguaruda,
desabusada,
sem preconceitos,
de casca-grossa,
de chinelinha,
e filharada.
Vive dentro de mim
a mulher roceira.
-Enxerto de terra,
Trabalhadeira.
Madrugadeira.
Analfabeta.
De pé no chão.
Bem parideira.
Bem criadeira.
Seus doze filhos,
Seus vinte netos.
Vive dentro de mim
a mulher da vida.
Minha irmãzinha
tão desprezada,
tão murmurada
Fingindo ser alegre
seu triste fado.
Todas as vidas
dentro de mim:
Na minha vida -
a vida mera
das obscuras!
Cora Coralina
...querida linda,
trago beijos neste dia
de todas nós!
Com a frase, "Estrangeira de mim", recordei Albert Camus :)
Ó mulher! nem eram precisos tantos rodeios poéticos para me fazeres sentir no norte de áfrica.
A propósito, deixo-te uma rima que este computador não está para muitas palavras:
estivesse eu em Agadir
expondo ao sol meu físico moreno
não se punha a questão do ir
a pé ou num todo-terreno.
Beijos a partir de Marraquexe
deste que nunca te esqueche.
... sempre simpática a Teresa: tem sempre uma palavra agradável para mim.
mais que o vento - o silêncio berberes a ecoar na pele...
belíssimo
beijo
Q. Arábica
Escreves tão bem!
"Estrangeira de mim, nómada serena.
De tantas lãs vestidas, já não sinto o vento."
Gosto mesmo!
beijinhos gostados
:)))
já reparaste como as palavras por vezes nos aquecem tanto ou mais que as lãs? :) beijinho grande*
Muitas lãs vesti, mas, há gélidos ventos que permanecem nas minhas memórias.
OLá.
Permite-me a correção. Não é blog votado ao esquecimento...é um porto onde regresso por vezes....mas tenho lá um link.....
gostei das tuas palavras
Gui
coisasdagaveta.blogs.sapo.pt
Às vezes, bem nos aquece a lã. Em outras, apetece sentir o vento. :) Boa semana!
onde se consegue ser oásis
mas eu sinto. aqui.
um beijinho
jorge
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