Gaivotas. Recortes. Chuva. O cheiro a terra quente e molhada. Trovoada. Um jantar sob os relampagos. Um arco iris sobre o mar. Um copo de vinho tinto. Um castelo de quatro torres desfeito quando o mar, gordo, galga o areal abandonado. Outro castelo. A serpente. Os quatro cantos do mundo. A cidade. A parede que um dia um homem há-de possuir e chamar sua. Uma luz, uma fresta. Uma janela. Um barco esquecido num rio que já ninguém navega. Uma ponte. Ferro. Ir. Partir. Largar amarras. Folego. Os campos de trigo maduro. A imensidão das libelinhas imaginadas. Sentidas. Remoinho. A fé. A estrada. O cabo. O pro-fundo. O farol, no tempo que chega ao fim: we must go on. E volta-se a partir.
No pano já gasto, agora dobrado, guardam-se as memórias do corpo que o usou...até já, verão...
O gato atento.amarelo. felino. seguindo sem pressa o pássaro distraído. no telhado branco. até chegar o cansaço. e partir de novo. para outra aventura. (belíssimo o teu slideshow. e o texto não fica atrás)
As escarpas chamam a lua que segredou às marés um canto antigo onde deuses que eram gatos viam o extraordinário muro das pessoas a correrem pelas vielas estreitas que eram interditas ao voo das cegonhas porque as aves não gostam das pontes entre mundos que são os pelourinhos e preferem ver as terras do alto como os faróis que têm olhos focados na distãncia e são filhos do horizonte e da terra onde estacionam as casas com sofás dentro e onde os gatos se deitam quando estão de folga no seu labor de deuses dos telhados que são pistas de aterragem das nuvens...
Encantatório - e desta vez até ouvi a música.... Olhos de ferro, facetados, das cobras atentas tijolos no ocre gato no branco longitudes e lonjuras tão perto
Boas e oportunas fotografias, de protagonistas e sítios para mim desconhecidos, mas cheias de encanto, me maravilharam... A música, a adequada! Gostei muito
O slide é um poema (ou muitos) e o post-coment ainda outro. Valeu a pena a madrugada, escolher, rejeitar, adicionar, rememorar. A cor e o preto e branco, de mãos dadas, de ferro e tijolo e cal. E os rios modestos e o mar enorme. O gato esteve lá para espiar, para não contar, que só os olhos dele viram o que não mostraste.
Gostei muito daquela que tem um gato no telhado não me perguntes porquê porque para gostar de uma fotografia com um gato no telahdo não é necessário argumentar porque se gosta que eu tenho para mim que se gosta ou não gosta e quando é o caso de gostar a coisa está porreira pá o inverso é que é uma chatice pois o gato pode não gostar que a gente não goste de um gato no telhado e aí temos o caldo entornado e pior ainda porque é dos livros que os gatos gostam é de leite e não de caldo e pensam que nós estivemos a tangueá-lo e se há coisa mais perigosa que um gato assanhado por se saber gozado é um gato assanhado no telhado.
Duarte, as fotos são todas originárias do Algarve, desde uma pequena praia em Albufeira até ao cabo de S.Vicente, em Sagres, passando por Silves, Monchique, Lagos e a partir daí, o pedaço da estrada nacional 125 que mais gosto: até ao fim da terra (sagres). É uma zona (ainda) protegida e um passeio que te aconselho a fazer numa das tuas próximas visitas a Portugal.
dizem-me que tenho olhos cor de burro quando foge. :) Palavra de escuteira. :) Não tenho a certeza se o azulado compõe essa mistura, mas julgo que não:))
Repito, belas fotografias. Conheço pouco do Algarve. Estive com um companheiro da FA que era de Portimão, regressei carregado de figos e amêndoas, que me ajudaram a suportar alguns dias de penúrias e solidão. Mas não tivemos para muito mais, era época de tropa e o tempo e a algibeira escassos. Sim, voltarei, mas com tempo para saborear os paladares do sul.
Anónimo disse... O tempo passou veloz entre os alicerces de memória que deixamos em nós...
Ver-te ao fim destes 40 anos ;) traz-me a certeza que só o corpo é possuído pelo tempo, com ele transportando a metamorfose da face...na essência, Poeta, seremos sempre os mesmos, de liquidos sentires nos olhos e na pele...
Por vezes domados pelo mar, outras tantas, na loucura do momento, exultadas vagas suas, na bravura da procura de terra onde deixar adormecidos todos os nossos subterrâneos rios de sal e musgo...
E não me faças mais perguntas, daquele tempo de mel e de flores por colher, daquele tempo em que nenhum de nós, ousou vindimar o fruto, saborear o néctar...
Ternas são as memórias,
que me levam a olhar-te nos olhos, sorrir-te como se o tempo nada fosse e saber-te para lá de todas as coordenadas, como o Amigo que me acompanhou toda a vida em forma de caneta e de palavra...
Beijos, Poeta, uma boa semana para ti :)
Segunda-feira, 16 Fevereiro, 2009
ESTOU DE VOLTA, ARÁBICA... bjs. http://poesiacrepusculonascente.blogspot.com/
Magnífico, Arabica. Ainda não tinha tido oportunidade de apreciar, mas não deixaria de o fazer. Mares e casario e nevoeiros e vielas e ninhos e mais tudo o que fotografaste com arte e bom gosto.
24 comentários:
Gaivotas. Recortes. Chuva. O cheiro a terra quente e molhada. Trovoada. Um jantar sob os relampagos. Um arco iris sobre o mar. Um copo de vinho tinto. Um castelo de quatro torres desfeito quando o mar, gordo, galga o areal abandonado.
Outro castelo. A serpente. Os quatro cantos do mundo. A cidade. A parede que um dia um homem há-de possuir e chamar sua.
Uma luz, uma fresta. Uma janela.
Um barco esquecido num rio que já ninguém navega. Uma ponte. Ferro.
Ir. Partir. Largar amarras.
Folego. Os campos de trigo maduro.
A imensidão das libelinhas imaginadas. Sentidas. Remoinho. A fé. A estrada. O cabo. O pro-fundo. O farol, no tempo que chega ao fim: we must go on.
E volta-se a partir.
No pano já gasto, agora dobrado, guardam-se as memórias do corpo que o usou...até já, verão...
E o gato? perguntarão...
E o gato?...
O gato atento.amarelo. felino. seguindo sem pressa o pássaro distraído. no telhado branco. até chegar o cansaço. e partir de novo. para outra aventura.
(belíssimo o teu slideshow. e o texto não fica atrás)
Belo post... ainda que disfarçado de comentário. :) Boa semana!
As escarpas chamam a lua que segredou às marés um canto antigo onde deuses que eram gatos viam o extraordinário muro das pessoas a correrem pelas vielas estreitas que eram interditas ao voo das cegonhas porque as aves não gostam das pontes entre mundos que são os pelourinhos e preferem ver as terras do alto como os faróis que têm olhos focados na distãncia e são filhos do horizonte e da terra onde estacionam as casas com sofás dentro e onde os gatos se deitam quando estão de folga no seu labor de deuses dos telhados que são pistas de aterragem das nuvens...
Encantatório - e desta vez até ouvi a música.... Olhos de ferro, facetados, das cobras atentas
tijolos no ocre
gato no branco
longitudes e lonjuras
tão perto
(da alma)
Lindo, V.!!!
B
Boas e oportunas fotografias, de protagonistas e sítios para mim desconhecidos, mas cheias de encanto, me maravilharam...
A música, a adequada!
Gostei muito
Um grande abraço
Gostei muito
de espreitar
pelas frestas
Bjs
...só a imaginação tranforma, só a imaginação trantorna...
Arábica.
És uma fotógrafa de cinco estrelas, mesmo que não tivesse aparecido o gato amarelo! :-)
Abraço
Ai, o gato. Como ele me fez lembrar da minha saudosa que tanto gostava de gatos.
Ernesto, o avô
E gostei, sim senhora, vi por aqui imagens lindas.
Ernesto
O slide é um poema (ou muitos) e o post-coment ainda outro. Valeu a pena a madrugada, escolher, rejeitar, adicionar, rememorar. A cor e o preto e branco, de mãos dadas, de ferro e tijolo e cal. E os rios modestos e o mar enorme. O gato esteve lá para espiar, para não contar, que só os olhos dele viram o que não mostraste.
Um abraço, de Verão e Outono.
...até à Arvore das Palavras de que também muito gosto.
e, acho que não queres admitir, mas sim, o teu olhar deve ter uns reflexos azulados :)
Gostei muito daquela que tem um gato no telhado não me perguntes porquê porque para gostar de uma fotografia com um gato no telahdo não é necessário argumentar porque se gosta que eu tenho para mim que se gosta ou não gosta e quando é o caso de gostar a coisa está porreira pá o inverso é que é uma chatice pois o gato pode não gostar que a gente não goste de um gato no telhado e aí temos o caldo entornado e pior ainda porque é dos livros que os gatos gostam é de leite e não de caldo e pensam que nós estivemos a tangueá-lo e se há coisa mais perigosa que um gato assanhado por se saber gozado é um gato assanhado no telhado.
jinhos.
Estive a espreitar... tu permitiste!
Obrigado.
Liiiindo.
Lindíssimo o slide...lindíssimas as palavras... lindíssima a música.
(é que ainda ninguém te tinha dito isto, pois não?)
Vou ficar mais um pouquinho aqui...escutando...deleitando
e o vento. e o mar. trazem o sonho.
beijinhos
jorge
Duarte, as fotos são todas originárias do Algarve, desde uma pequena praia em Albufeira até ao cabo de S.Vicente, em Sagres, passando por Silves, Monchique, Lagos e a partir daí, o pedaço da estrada nacional 125 que mais gosto: até ao fim da terra (sagres). É uma zona (ainda) protegida e um passeio que te aconselho a fazer numa das tuas próximas visitas a Portugal.
Abraço.
Trili
dizem-me que tenho olhos cor de burro quando foge. :) Palavra de escuteira. :)
Não tenho a certeza se o azulado compõe essa mistura, mas julgo que não:))
PARABÉNS! Belas as palavras, belo o slideshow, bela a música!
Repito, belas fotografias.
Conheço pouco do Algarve. Estive com um companheiro da FA que era de Portimão, regressei carregado de figos e amêndoas, que me ajudaram a suportar alguns dias de penúrias e solidão. Mas não tivemos para muito mais, era época de tropa e o tempo e a algibeira escassos.
Sim, voltarei, mas com tempo para saborear os paladares do sul.
Um forte abraço
Anónimo disse...
O tempo passou veloz entre os alicerces de memória que deixamos em nós...
Ver-te ao fim destes 40 anos ;) traz-me a certeza que só o corpo é possuído pelo tempo, com ele transportando a metamorfose da face...na essência, Poeta, seremos sempre os mesmos, de liquidos sentires nos olhos e na pele...
Por vezes domados pelo mar, outras tantas, na loucura do momento, exultadas vagas suas, na bravura da procura de terra onde deixar adormecidos todos os nossos subterrâneos rios de sal e musgo...
E não me faças mais perguntas, daquele tempo de mel e de flores por colher, daquele tempo em que nenhum de nós, ousou vindimar o fruto, saborear o néctar...
Ternas são as memórias,
que me levam a olhar-te nos olhos, sorrir-te como se o tempo nada fosse e saber-te para lá de todas as coordenadas, como o Amigo que me acompanhou toda a vida em forma de caneta e de palavra...
Beijos, Poeta, uma boa semana para ti :)
Segunda-feira, 16 Fevereiro, 2009
ESTOU DE VOLTA, ARÁBICA... bjs.
http://poesiacrepusculonascente.blogspot.com/
Magnífico, Arabica. Ainda não tinha tido oportunidade de apreciar, mas não deixaria de o fazer. Mares e casario e nevoeiros e vielas e ninhos e mais tudo o que fotografaste com arte e bom gosto.
You've got a friend!
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