Indiferente às luzes natalicias, ele desce a cidade, sobre a cidade.
Olhar desfocado, braços abertos, tentáculos sedentos.
Leva para a sua gruta, terminada a rusga, todos quantos, a ele sucumbiram.
Impiedoso, não poupa os corpos caídos nas ruas, semi adormecidos semi em coma de vida.
Ri-se dos povos a ele sujeitos, dos mais fracos, dos que o olham desamparados, sem escudos protectores.
Pé ante pé, o inverno chega.
Em todas as sociedades desenvolvidas do século xxi em letra pequena, quantas pessoas dormem ao frio?
66 comentários:
INVERNO = inferno
Vide Dante.
Uma já é mais do que suposto!
E quantos morrem todos os anos do frio?
...olá minha linda!!
há quanto tempo não nos
visitavamos, e não é que
tu não se esquecestes desta
amiga relapsa e fujona?? rsss
delícia encontrá-la lá em casa!
e quanto ao seu post de hoje,
realmente o frio faz muitas vítimas
por este mundo afora, e é claro
que temos uma grande parcela
de culpa, com certeza!
basta olharmos para nossos
armários abarrotados de
agasalhos, que muitas vezes
ficamos anos sem usar,
mas estão lá criando traças.
o bendito egoismo imperante!
um bj, querida!
Quedo-me sem palavras perante as tuas.
É um tema que me perturba, por me sentir impotente para ajudar a resolver.
Da fome no Mundo nem falo...
Beijo
tantos arábica
flagelo
inferno
INVERNO
de almas!
_____
um beijo
a globalização da solidariedade é a única que faz sentido...
Para se ser ministro e deputado deveria ser obrigatório um estágio de mendigo. Contacto com a realidade do povo, permanecendo uma semana num bairro de lata, num bairro social, debaixo de uma ponte - em vez das romarias de feiras, mercados e ruas de comércio.
Para ser presidente da epública deveria ser obrigatório um estágio nas obras e para ter cargos relacionados com a juventude, um estágio no parque Eduardo VII (do lado de fora do carro)
essas pessoas que assim vivem deviam ter os seus nomes escritos em letra bem grande na assembleia da república... gostei da música. beijinhos e bom fim de semana*
Bárbara,
muito bem empregue neste contexto, a divina comédia.
Não nos céus, transformados em purgatório de almas, mas na terra,
ainda e sempre purgatório de corpos.
Um abraço, amiga.
Sandra,
como tu dizes, um que fosse, já seria demais. Habitar a lua, procurar vida em Marte, para quê ir tão longe, se aqui "ainda" não o conseguimos fazer com perfeição?
:-/
Beijos
Vivi,
erro seu se pensou que ausência era esquecimento, indiferença, sei lá, essas coisas bobas!! :))
Ando com menos tempo para visitas,
eu que nunca gostei de visitar só para fazer número ou ter visitas, pela mesma razão.
Mas chega uma hora em que a saudade dita a viagem transatlântica :))
É isso aí, dar.
Dividir com eles o pouco que eventualmente se tenha.
Um abraço amigo, Vivi.
Maria,
perturba-te a ti e a mim.
Raramente toco nestes "temas" por saber que desconheço em absoluto a dimensão real desta e das outras tragédias. Mas ontem, parece que o inverno se colou às paredes do meu corpo, fazendo de mim apenas voz...
Como um polvo como uma escuridão.
Um beijo de sábado sem trovadores :)
Maré,
olho-os muitas vezes tentando perceber onde se perderam.
Tentando perceber o rumo das pernas desvalidas, das mãos com marcas incuráveis de vida e infortúnio. Silêncio apenas.
Dor calada.
Um beijo
Uf!
é suposto que assim seja, a globalização da solidariedade,
uma vez que deixámos de estar espartilhados a um país, uma cidade, uma igreja, um bairro, um grupo de amigos, uma familia.
De repente vimos-nos, sentimos-nos no meio do universo com todas as correntes contraditórias a desafiarem-nos à ideia de um mundo,feito à imagem do virtual, "sem fronteiras".
Trabalhos de campo para os nossos governantes, precisam-se, concordo plenamente. Que entre eles, também, exista uma espécie de turismo de sofá, para que se apercebam dos países reais -desconhecidos- escondidos em cansativos relatórios apregoados em dias úteis de trabalho.
Concordo plenamente com todos os lados de fora dos carros, das casas, dos lofts, das carreiras.
Um abraço, bom sábado.
Alice,
de que vale agora um nome em letra grande numa assembleia? Não acredito que os que dormem nas ruas do mundo tenham assim um ego tão grande. Talvez tenha sido esse, aliás o principio da estrada.
Será que as letras grandes seriam tecto e paredes? E ainda que fossem, será que estes seres desabituados da sociedade, marginalizados é certo, mas que também a marginalizam à sua maneira, conseguiriam coabitar de forma tão diferente ao fim de tantos anos?
Sou mais por uma sociedade _saúde, habitação, escolariedade_ vigilante e solidária que não permita ao menino perder-se,
que não permita ao velho,
o desejo de morte.
É uma sociedade de todos e não só de governantes.
Um beijinho, Li, contente por teres gostado da musica.
E não é que o carvão resulta? Dele fizeste inverno e inferno dos despidos de roupa e de ternura. Lembrei-me de Ary que disse "A cidade é um chão de palavras pisadas". De palavras e de gentes, lembras tu. O inverno pode ser esse polvo impiedoso que molesta os mais fracos, num ranger de ossos cansados. Poderemos fazer tanta coisa contra o polvo! O pior é que ficamos sobejas vezes supostamente paralisados perante o que fica além da margem, com medo talvez da nossa própria fraqueza.
Enfim... Onde nos levas na ponta da borracha!!
Um abração, Arábica.
Amiga, que tempo difícil!
Tantos recursos, mas nem todos desfrutam do bem estar.
Século XXI, cheio de ilusões.
Beijos.
Muitos, minha linda Arábica.
Um beijinho quente
:))
Licínia,
lembras-me a minha visita recente ao pneumologista, quando ele me disse, "você tem sobre si uma ideia de fragilidade que não existe realmente". Por associação de ideias, comparo essa ideia de fragilidade à ideia de medo da nossa fraqueza, que expões tão bem.
Julgo e posso estar errada, que somos educados no medo do sofrimento que muitas vezes nos leva a não querer saber, ver.
É verdade que o sofrimento alheio, às pessoas mais sensíveis pode causar a interrupção de uma felicidade que se pretende sempre presente, mas não nos levará também quase a um egoísmo?
Será esse o egoísmo que tantos apregoam ser apanágio deste século em letra pequena?
Um abraço para ti, sabendo-te solidária e desperta para o mundo, no seu todo, feliz e infeliz.
Lita,
vi agora nas noticias imagens dos problemas causados pelas chuvas torrenciais aí...também um pequeno documentário sobre o desemprego e a necessidade de muitos, depois de adultos, voltarem à escola, tentando desafiar o destino.
Vamos tentando dar a volta, não é?
Um abraço até aí.
Um abraço
Lita, sairam dois abraços :))
É o que faz interromper a escrita de um comentário!!
Que nenhum deles fique sem uso! :)
O que nos enruga?
- os anos...
- a água...
- pessoas que dormem ao frio...
- ...
Enrugam o quê?
- o corpo, inevitavelmente...
- a pele, momentaneamente...
- a alma, perduravelmente...
- :( ...
E o complexo de "alguma" culpa que nos invade?
...
Solinho,
obrigada pelo "beijo castanha assada" :))
Já vou daqui a nada ver a nossa companheira de sábado :))
Dorminhoca? Sonhadora? :)
Beijos
Fred,
por acaso não tenho complexos nem culpas sobre este flagelo.
Nem sobre a fome.
Nem sobre cegueira.
Nem sobre egoísmo.
À minha pequena escala, fui dando e partilhando toda a vida.
Até houve um caso insólito.
Havia perto de minha casa, uma familia, que pela boca de um dos elementos, se dizia de poucas posses e de muitos sacrificios.
Nunca me fiz rogada a ajudar, a oferecer o que me era dado a saber, ser desejado.
Passados alguns anos, apareceu uma casa construída, uma quinta edificada, um jeep.
Nunca me convidaram a conhecer, contudo, a nova realidade.
Será para pessoas assim, julgo, que culpas ou complexos, estarão reservados. Para mim, basta-me o espanto, a estupefacção desses anos, de observação e aprendizagem.
Quanto a rugas...
:)) quem disse que eu queria ser barbie? :)
Beijos
De qq forma não gostaria de ver este meu apontamento, post, transformado numa apreciação sobre caridade a nível pessoal, tendo entrado nesse campo apenas para justificar a ausencia de culpa .
É uma critica aos vários governos do mundo, década após década, é uma critica às escolhas governamentais e aos parametros em que a sociedade em geral, se apoia.
Nada mais.
:)
muitos, de mais,
outros no quente,
também falarão
do frio,
[ mas
não, não é igual,,,
~
~pi
não, não é igual.
Parece-me que aos que no quente sentem frio, muitas vezes basta dar uns passos para terem algum do outro calor.
Aos outros, por ali estarem, percebe-se o frio mais denso,
intui-se o frio submerso de todos os frios.
Quando nada na vida resultou.
Quando a vida, nem sequer foi a vida a que todos, quando nascemos, temos por direito...
....
talvez demasiados para uma sociedade dita evoluída... beijo
O Inverno não é responsável
pela canalha fazedora de pobres
e merginalizados
em todas as estações
Uma vez mais apreciei a tua sensibilidade e a vontade de denunciar os amparados do sistema
Se fosse apenas uma que dormisse ao relento... já seria demais!
Você expressa com uma poeticidade incrível os flagelos do mundo.
beijos
Mas ele vem a esmagar algumas já deterioradas economias, das que nem sempre tem aconchegos para esse frio que se apodera deles, mas é preciso cumprir para ficar bem... que pena!
Un abraço na calidez
Quantas pessoas dormem ao frio? qantas crianças morrem de fome? Quantos homemns e mulheres não têm possibilidades económicas para tratar as suas doenças??
A tua metáfora desenhada mostra quase dramaticamente a tua sensibilidade lacerada.O inverno contudo é apenas uma contingência...os responsáveis estão aí, à nossa volta.
E quantas, mesmo em casas confortáveis, dormem com a alma gelada? :-(
Mas as outras ainda estão bem pior, tens toda a razão!
...pois, quantas...
E os motivos são variadíssimos e, por vezes, bem estranhos e inesperados...
O inverno é uma intempérie natural.
Trás é esse "frio" que mata físicamente o que provávelmente já vem morrendo à muito.
Olhá-los, sentindo-os, denunciando, é obrigatório.
Não ignorando, faz-se sempre algo (carpir é que não...), pequenino que seja... penso eu
Triste pergunta, amiga... porque o mais triste é, talvez, não sabermos a resposta. :( Tenha uma boa semana!
Tenho as minhas reservas relativamente á Cimeira de Copenhaga.
Louvo os voluntários que acalentam os sem-abrigo e reduzem os seus sofrimentos
Belo post.
saudações
"pessoas descartáveis" do sistema!...
"temos ouvidos e vemos!"...
beijos
somos tantos a morrer de frio :(
eu... num conforto q me fode
Paulo,
é isso. Não somos afinal nada evoluídos. :(
Beijos
Eufrázio
confesso que "manipulei" o inverno.
Obrigada.
Um abraço sentido.
Manuel,
por cada um a menos, o verdadeiro sucesso.
um abraço.
Marcinha,
há tanta forma de dizer o feio!
Um beijo até aí!
Duarte,
mais do que nunca se percebe o fazer para ficar bem na foto.
Ainda assim, tudo o que se faça é bem vindo, tal é a extensão de carência.
Um abraço em dia de sol.
É verdade, Justine.
Os responsáveis estão à nossa volta. Uns já em paz, levaram com eles glórias. Outros ainda vivos, sujeitam-se à inglória do tempo.
Beijinhos, Jardineira de formas mil.
Rosa,
uma centena de abraços anti frio.
Augusto,
quando a força de um "homem" falha (indo de encontro aos motivos) idealmente deveria existir uma "força" que o amparasse, não permitindo nunca quedas tão densas, rupturas tão profundas...
MagyMay
concordo contigo.
em tudo.
Talvez o grande erro das mentes evoluídas no poder, seja verem esta catastrofe, como uma intemperie natural, como algo que sempre existirá.
Talvez lhes falte capacidade de sonhar o contrário...
José Duarte,
eu acredito que o cepticismo é necessário para olhar cimeiras e mundo em geral, mas nunca ao ponto de nos reter, de nos limitar de não nos deixar de fazer o que está ao nosso alcance.
Embora brincando num assunto tão sério, julgo que é preciso seguirmos com um olho no burro e outro no cigano... :))
Também admiro muito essas pessoas que em todas as latitudes, trocam o calor pelo frio, um livro no calor do sofá por umas dezenas de mãos sujas e calejadas, manhãs calmas por umas horas de trabalho.
Conheço um que todas as manhãs se levanta às sete da manhã para ir preparar as sandes, depois distribuidas. Às vezes olho para ele e penso que gostava de ter essa energia.
Um abraço.
Herético,
por sistema não gosto de sistemas!
Vemos, ouvimos e lemos,
não podemos ignorar!
Um abraço.
Árabe,
a resposta mora para lá dos números que entram em estatisticas valiosas e muito trabalhadas e muito faladas.
Desculpa a resposta fora de sitio, troquei-me.
Um abraço e boa semana para ti, amigo.
César,
pernas para que vos quero?
Desculpa, mas a resposta ao teu comentário lá, (T&C - uma firma ao seu dispôr *) tem de ser aqui e agora, que acabei de o ler, lá:(tipo 200Km/h de tanto que se me cola, esta tua frase..)
E, porque... "Não há recusas e apelos na vida -importantissimas e importantissimos- só por uma questão de pele?" ... sou 90.9 questão de pele!
* não resisti e meti graça em assunto sério...
Abraço... Abraço
... chega o magano e os mais desfavorecidos sentem-lhe logo os tentáculos
como polvo duro de roer para os que não têm dentes para o trincar
nem roupa para se protegerem.
as ventosas do polvo-inverno fixam-se de tal modo nos indigentes, que estes mal têm fôlego para gritar «queremos o VERÃO COM LETRA GRANDE!!
beijinhos.
No caminho que faço diariamente, bastantes são aquele que dormem ao relento. e seguem os seus rituais diários
...e custa pensar que sempre será assim
...porque não acredito que alguma vez venha a ser diferente.
Alice
Basta haver uma, para que não seja sociedade evoluída. Independentemente do século.
Acredito que pode mudar.
Acredito que não nos fiquemos pelas palavras.
Não sabemos o que fazer?
Ou simplesmente, não temos coragem?
Um beijo
MagyMay
:)eu gosto de brincar.
Brincar leva a quebrar o gelo.
Essa parede fina e fria que tanto (às vezes) nos separa dos outros.
Imerecidamente.
Por uma questão de pele.
Tão só, neste caso.
:) Abraço...abraço :)
Legívelmente Alberto,
dizes bem, o Verão, esse tempo auspicioso de calor e abundância, quando a terra não nega às mãos estendidas o fruto do olhar.
...
Um abraço, homem de letras grandes.
É verdade, Teresa.
Com os seus sacos de parcos haveres, aos sinais do movimento contínuo nas ruas, embrulham as mantas e partem para o nada...igual ao de que acabaram de sair...
Um abraço.
Alice,
paradoxalmente, embora olhe o mundo e a humanidade com cepticismo, julgo que, se não acreditar que algum dia alguma coisa vai mudar, isso (ess simples facto digerido)me vai abrandar o passo, secar a ainda seiva existente sovrevivente resistente que anima ao gesto.
Desistiria.
Ficaria fechada entre quatroparedes. Silenciosas.
E aí, para mim, já nada poderia mudar.
Abraço, "fininha".
AnaMar,
aproveitando umas "folgas" imprevistas, mas bem vindas por muito haver a fazer aqui, ontem e hoje, sintonizei-me com as noticias e acontecimentos locais e não só.
Faces ocultas, prémio nobel da paz, ambiente, nações poderosas,
homens poderosos, economias poderosas, compromissos.
Não sabemos o que há a fazer?
Sabemos.
Temos é que comer muitos espinafres, menina.
Se temos...!!!!
Beijinhos :)
Há sempre inverno cataclismos crimes falta de dinheiro falta de sentimento
(podia era não haver guerras, isso sim!)
Os grandes é que se fingem de espantados para ganhar tempo
nas suas negociatas
de fato.
De facto, é difícil.
Viver ver saber
Bj
Voltei..
Tens razã... tantas tessoas que dormem ao frio.
Beijinhos quentes
:)))
Arabica,
Se fossem realmente desenvolvidas... ninguém dormiria ao frio, não é?
Excelente post, excelente música!
Um beijo.
Desenho naif, como tanto gosto. Porque falam das coisas e dos sentimentos de um modo simples, deixando-nos entrever a esperança.
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