quinta-feira, abril 23, 2009

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Paolo Giordano nasceu em Turim em 1982, licenciou-se em Fisíca e escreve coisas assim:





"Os números primos apenas são divisiveis por um e pelo próprio número.


Estão no lugar que lhes é próprio na infinita série dos números naturais, esmagados como todos entre dois, mas um passo mais mais além, relativamente aos outros.


São números desconfiados e solitários e, por isso, Mattia achava-os maravilhosos.


Por vezes achava que tinham ido parar por engano àquela sequencia, que tinham ficado lá aprisionados como pequeninas pérolas num colar.


Outras vezes, ao invés, desconfiava que tambem eles gostassem de ser como os demais, apenas uns números quaisquer, mas que por algum motivo não haviam sido capazes..


O segundo pensamento surgia-lhe sobretudo à noite, no emaranhado caótico de imagens que antecede o sono, quando a mente está demasiado débil para mentir a si mesma.


Numa cadeira do primeiro ano, Mattia estudara que entre os números primos há alguns que ainda são mais especiais.
Os matemáticos chamam-lhes primos gémeos: são pares de números primos que estão proximos um do outro, aliás, quase próximos, pois entre eles existe sempre um número par que os impede de se tocarem realmente."





"A solidão dos números primos", uma leitura de inquietação dolorida.
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Música: Love, Rosey / Koop Remix

17 comentários:

ze disse...

Gostava muito de conhecer esse Paolo

:)

Maria disse...

Fiquei curiosa...
:))

Arábica disse...

Porquê, Zé?

Arábica disse...

Maria,

Trata temas como a anorexia/bulimia e a auto-mutilação.
Escrita forte na narrativa sem véus.

PreDatado disse...

Se calhar anda tanta gente à procura da sua alma gémea quando na realidade o que deveriam procurar era o seu primo gémeo. Sei lá, isto é só um pensamento.

Rosa dos Ventos disse...

Que estranha inquietude!

Abraço

Alberto Oliveira disse...

... e aquele misterioso sujeito
que os números levava tão a peito
pois com eles organizava sessões de ilusionismo
fazia desaparecer um número e aparecia um algarismo...

Alien8 disse...

Arabica,

Muito interessante. A magia da escrita e a da Matemática...

Além disso, há números que são primos e há primos que são números. Isto é baixar o nível, mas saíu :)

Um beijo.

Duarte disse...

Os números sempre representaram para mim um meio para a distracção. A ciência matemática tem um atractivo que nem a todos gosta, é precisamente esse facto que faz que me cative.
Outra curiosidade, os números complexos...
Gostei da tua exposição, de algo que quase sempre resulta árido.

+ beijos

Anónimo disse...

e se eu te quiser mandar mil beijos quantos números primos há em mil? :) (desenrasca-te!) :)

ze disse...

Foi um impulso,
justificado como todos,

Entendo as maiores riquezas (alegrias) da minha vida como estando todas muito directamente relacionadas com as pessoas que conheci, da mesma forma que as frustrações estão com as que não consegui conhecer tão bem como gostaria.
(Parece discurso de “miss”, mas é verdade)

Por outro lado a minha curiosidade é quase sempre muito insistente neste tipo de temas de cruzamento de diferentes áreas de conhecimento.

E ainda o funcionamento da memória, que me habituei a analisar detalhadamente desde o momento que a perdi por uns minutos após um pequeno acidente.
Quantificar, qualificar, relacionar, o que me lembro, o que me esqueço..
E das minhas memórias sólidas muitas delas são de ensinamentos do Liceu, nas quais a matemática (e os inevitáveis números) adquire algum destaque.
Acho que me lembro também porque nunca terei deixado dos praticar através do contágio dalguns conceitos na minha forma de pensar.
Ainda ontem estava a falar-te de simétrico e de inverso como conceitos diferentes de contrário, apesar de não ter dito porquê.

Ainda que corras o risco de te afogares em tantos beijos e abraços,
eu também dou o me contributo.

:)

Lizzie disse...

Sempre tive um fascínio pela matemática, tão ligada à dança, enquanto "geometria" de tempo e espaço, e à abstracção da música.

Tive a sorte de ter um grande amigo, frade franciscano a viver entre Nova Iorque e Boston (como eu, na altura), que me deu a ler um livrinho de Bento de Jesus Caraça onde os números tomavam vida.Grande era a história dos primos.
E,onde, sobretudo, se falava na maior descoberta da humanidade: o zero.

A partir dessas conversas/revelações, comecei a ver todas as actividades artisticas de modo diferente. Comecei a utilizar o conceito de zero misturando-o com os números primos. Transportei-os para a expressão do corpo.

Tenho uma grande amiga, enorme senhora da dança, que, para se descontrair fica em silêncio a resolver equações e a adaptá-las à notação coreográfica.
Chama-lhe o seu Prozac.

Besos e bom fim de semana

adouro-te disse...

A que se deve esta atracção pelos números? Já A. R. Rosa se envole, deliciado, com eles...
Beijo.

Justine disse...

Também já andei a folhear esse, e pareceu-me bem interessante. Com o teu empurrão, agora vou mesmo comprar:))
Vivó dia do Livro e da Leitura, e que seja todos os dias!

Anónimo disse...

pois, a vida e a matemática... esse livro é um dos que, cá em casa, aguardam leitura. mas só depois das obras e arrumações.
muito, muito interessante a foto do coração solitário, arábica!

mas a minha Humana disse-me para eu reparar, também, na rapariga tão bonita e sorridente, a dedilhar as cordas de uma guitarra! fala de um tempo bonito, de água fresca, verdes campos e céu muito azul.

marradinhas amistosas_estamos de volta mas, em breve, teremos de fazer um novo interregno.

Marcia Barbieri disse...

Nunca tinha olhado os números primos com tanta poeticidade.Lindo texto!!!

beijos ternos

Mar Arável disse...

25 de Abril

de novo