domingo, dezembro 28, 2008

FELIZ ANO NOVO


"Há barcos que só passam uma vez"




E se desta afirmação, nos pode restar a dúvida se outros existirão, que possam passar mais vezes, o mesmo não acontece, se, à afirmação (que foi slogan publicitário, para um qualquer evento náutico em 2004 e que por qualquer razão, fez sentido para mim), trocarmos a palavra "barcos", pela palavra, "anos".




Efectivamente, o tempo, esse vampiro, não nos permitirá voltar a navegar esse barco já vivido.




Por isso, que este barco, do qual ainda só vislumbramos a chegada e que não mais voltará a passar, seja um veículo para a paz no mundo, para a serenidade no nosso coração, a vela que nos levará à terra que sempre sonhámos alcançar, que seja a força que constroi a alegria, o leme que não nos permite o desperdício da viagem...que seja...!



...E que dele, seja possível, a colheita dos frutos do vento.










Músca:

1) Love Theme (Blade Runner), Dick Morrisey.

2) To be by your side, Nick Cave

quinta-feira, dezembro 25, 2008

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Das pontes que construimos com os outros.
Pelos outros.
Até aos outros.
E que atravessamos.
E que são regressos à ternura.
Nos dedos, na pele.
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Música: Mother Night, Piano Solo, Yanni

quinta-feira, dezembro 18, 2008

Feliz Natal











...que o nosso coração não se detenha na árvore ou na sua ausência,



para que seja possível ouvir, o que a floresta nos transmite:





amor, amizade, paz, alegria, partilha, altruísmo, esperança, luz, desapego...

Música: De cara a la pared, Lhasa de La Sela

sexta-feira, dezembro 12, 2008

Muitas vezes se dispusera a escrever a pequena história.
Limitada no tempo, encravada no espaço. Sem antes ou depois.
Uma história breve. Um pequeno mosaico de rio.
Um minúsculo pote de açafrão. Uma chavena de café.

Um golpe de vento.
Uma pedra angular.
Um vislumbre fugidio do deserto imenso. Imerso.
De todas as vezes que pegou na caneta, a pousou de novo, suspensa no verbo.
Procurou encaixar na história o vocabulário rudimentar das histórias limitadas.
Não conseguiu.
Muitas histórias depois, percebeu, que a dificuldade não residia na história,
tão simples, afinal,
mas tão somente na sua teimosia de possuir (ainda) uma história por escrever,
uma historia que não fosse perecível



ou rudimentarmente destruida pelo tempo ou espaço.

Na página do seu diário, desse dia,
apenas escreveu: mais um dia, na vida de uma história por contar.
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E apagou a luz.









segunda-feira, dezembro 08, 2008




Iluminam-se lentamente as ruas da minha cidade,
na penumbra da tarde madura de aromas...
E mesmo nos páteos mais escondidos,
entram agora reflexos,
no tempo esquecidos...



[ pedras gastas que brilham
no aguaceiro inesperado ]


Nas janelas adivinham-se
flores em vaso,
margaridas teimosas,
que não naufragaram em terra...



[ cegas ao frio do longo inverno,
ainda murmuram pueris primaveras ]

E enquanto as clarabóias alvoraçadas,
dançam na magica esfera dos ventres de nuvem,
a cidade, lentamente, vai-se iluminando...





Música: At First Light, Silge Neergard

sexta-feira, novembro 21, 2008















Vivera sentada naquela travessa o tempo suficiente para conhecer os passantes.
Uns hesitavam perante o seu semblante, não sabendo se esperaria esmola,
outros, mais afoitos, flauteavam convites,
desconhecendo o tempo dimensional que os separava,
logo nesse breve encontro de olhos:
chegavam na pressa de partir,
enquanto na espera, ela descobrira o prazer do vagar.

Outros havia, que se iam demorando nas palavras.
Falavam-lhe de tempos de porcelana, que ela apenas poderia imaginar e que no tempo de espera, desenhava numa parede abandonada, com pó de estuque, que dos afectos, sobrara.




Clandestinamente, nas sombras ocultas pela longa cortina da rua, ia construindo um mundo anónimo, dentro da sua pequena travessa.
...E quando a noite caía, improvisava esferas e traços, saltando dos peitos das casas desabitadas, na negação constante da solidão que a detinha...










Foto: a propósito da exposição de porcelanas kraak, Dinastia Ming, ali ao virar da esquina...

Coffea arabica é uma espécie de café natural da Etiópia, supostamente uma das primeiras espécies de café a ser cultivada. A espécie Coffea arabica produz cafés de qualidade, finos e requintados, e possui aroma intenso e os mais diversos sabores, com inúmeras variações de corpo e acidez (um vício difícil de superar e de inspiração suficiente para lhe "plagiar" o nome)...




E, no entretanto, bebam um café...