sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Dormir, dormir, dormir.

Até que se faça luz.



Palavras.Seguem-nos, preenchem-nos, definem-nos.
Com elas acordamos, seres sociáveis e pensantes,
com elas nos deitamos, seres pensantes e reflexivos.
Para trás ficaram os dias de silêncio introspectivo,
os dias verdes de hortelã
os caminhos bordados de mel .
Voltamos lentamente ao mundo dos homens e das palavras,
acordamos lentamente no fluxo contraditório das palavras e das vozes.
E sabemos, sem necessidade de grandes palavras,
que o melhor de nós, resiste em silêncio.
Reside no silêncio.






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Foto no Museu Rural e Etnográfico de S.João da Ribeira

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Música: Wordy rappinghood, Tom Tom Club.

quarta-feira, fevereiro 25, 2009






Convite ao uno, ao silêncio da urbe, aos sons que nos apaziguam e nos remetem ao encontro inadiável com a nossa matéria e a nossa essência, onde nos reconstruimos, em caminhos desertos de atropelos ou ganâncias, delineados na inocência das pedras e das árvores, elegantes na arte dos artesãos do belo, mantidos na veleidade do instante, ali dormem, na espera do corpo que hão-de abrigar, do cansaço que hão-de mitigar, da cegueira que hão-de curar.





Miradouros onde o nosso corpo adormece, deixando o espirito voar...


































































Música: : Moriing Prayer, Sina Vodjani & Choying Drolma

segunda-feira, fevereiro 23, 2009

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Como escrever o dia
em que as casas
cresceram
para dentro do ventre da terra
e os homens declinaram
e os miúdos riram
e as mulheres se agarraram
aos pilares voláteis das chaminés
como quem procura
o chão?

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Como descrever o movimento
contínuo
das árvores a vogarem
a terra com os braços em remo?

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Como descrever o negativo interno
das ruas
o sustentável desequilibrio
das coisas e dos seres
de pernas para o ar
caídas de espanto
na vala paradoxal do tempo?

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Como descrever
a noite que golpeou
o estado do dia
a dor
que perfurou
o corpo
o corpo que mergulhou na terra?

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Como descrever o riso das crianças no uivo dos lobos?



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Música: Thaba Bosigo, Dollar Brand.

sábado, fevereiro 21, 2009

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A luz a partir na quietude da sombra. a noite a cair na teia das paisagens que adivinhamos submersas
numa massa coesa
de ervas
ébrias
de cheiros.
nas
raízes alongadas
a beber
me
todos os rios.


sem
esquecer
os
detalhes
microscópicos
da seiva das azedas
dos gumes das pedras
das asas dos melros.
Seriam corvos?




o garrar
dos dedos
a todos os gestos.

lembrar
a inconsistência
das
flores secas
sem
separadores
de página
onde as
reescrever.








As palavras são memórias, nos caminhos rasgadas,

deixadas

ao abandono do solo e do vento.



repito-me no folego do espelho

dos ramos nús.







Não houvesse tanta palavra

tanta raíz

tanta memória

e o mundo poderia nascer de novo.







Música: Blues for a Hip King, Dollar Brand.

Mais um homem que parte, deixando-nos as suas histórias: José Megre.

quinta-feira, fevereiro 19, 2009

De que história saiu o Gato Alá????

Saltou-lhe ao caminho.

Raios partam o gato que nem de férias me larga, desabafou a mulher.

Será alma penada?

Destino ou anjo da guarda? :)







Se clicarem nas imagens poderão observar melhor este belo exemplar....
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Edificação abandonada à ferrugem do tempo
clama por operários de ideologia sólida e benévola.
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Devido à urgência da obra,
a entrada é imediata.

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Música: pois continuemos com Zeca Afonso, temos muitas à escolha.
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Dia 23 de Fevereiro fará 22 anos que Zeca Afonso partiu.


A mim surge-me sempre sem data certa, esta memória triste, como se o mês de Fevereiro há muito tempo se habituasse ao ritual da saudade. Não tenho qualquer dúvida: a sua morte deixou-me mais pobre e menos forte. Todos os anos vejo mais distante o seu ideal, o seu estandarte.
Que a sua música e as suas palavras sejam força, em nós.


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quarta-feira, fevereiro 18, 2009

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JANELAS DO VOUGA ( II )
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[TERMAS DE S.PEDRO DO SUL]
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Música: Várias, Zeca Afonso.
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Que seria das janelas
sem o olhar
liquido
das mulheres
que nelas debruçadas
olham
a
lua,
como quem espera o amanhã?




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Música: Fly me to the moon, Diana Krall.

terça-feira, fevereiro 17, 2009

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...gosto de janelas, do seu traço, do seu rasgo, dos reflexos, dos parapeitos,


das histórias que dançam para lá do biombo vidro,


e, quando, entreabertas,



se abandonam de si mesmas


empoleiradas


ao sol.


Águas furtadas
pelo olhar

a montante

do rio...

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JANELAS DO VOUGA ( I )






[S.PEDRO DO SUL]










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Música: Escrever o Sol, Julio Pereira.