sexta-feira, maio 29, 2009

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diz-me em tom baixinho
(de quem teme acordar fantasmas)
que cheiro tem o homem
que possuiu o animal.

.desenha no silêncio do papel
as teias de serpente
na trama do véu.

mas não tragas
do alçapão da memória
o penoso tear:

suavemente, traço, ponto, cruz e de novo
traço
em grão,
os rostos de sal.
Espaço.

Embala
em braços velhos de força
o amor que não nasceu
e
se ainda tiveres folego,
diz-me em tom baixinho
(de quem teme acordar fantasmas)
que cheiro tem o animal que possuiu o homem.
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11 comentários:

so lonely disse...

Fui ver o filme Pradaria Fatal,directed by Lizzie M Girl e, vendo que aqui me serviriam um café Arábica, vim.
Em boa hora, que o café é excelente.

Duarte disse...

Já soa a música, que bom!

Beijinhos, meus, para TI

Maria disse...

Já te sei de cor...
Levo-te para o fim-de-semana.

Beijo

Licínia Quitério disse...

Mas este poema jazza-me muito. Juro!!
Está linda a batida das palavras sobre o desalinho das perguntas sem resposta.

Abraço-te.

Alien8 disse...

Muito bom, Arabica, mesmo muito bom, é um prazer ler o que escreves.

Um abraço.

Duarte disse...

Sussurros...
O que se escreve para ler não tem som, entende-se com a alma.

Abraço-te

Arábica disse...

Obrigada pelas vossas palavras.

Contudo foi-me dificil escrever, vestindo sobre a minha pele, a pele de uma noiva, o seu vestido e o seu véu, ambos negros, ideia sugerida pelo Triliti no post anterior.

Ficou assim.
Talvez a noiva me tivesse trancado a alma. Ou talvez não.


Beijos, bom domingo para todos.

casa de passe disse...

Ah, senhora que palavras lindas eu aqui li, embora a minha pouca esperteza não me deixe apreender-lhes bem o sentido. Li-as em voz alta e o som é tão bonito.

Alice, a Fininha

o Reverso disse...

um poema de grande beleza.

segredos

coisas escondidas no fundo da alma

cheiros que não queremos recordar?


medos, talvez...

Arábica disse...

Triliti,


só as noivas por ti evocadas poderão responder...

Laura Ferreira disse...

Lindo!