Vou andar mais atento há agências imobiliárias aqui da zona pois tenho um casal amigo que se dão como o "gato e o rato" e por vezes "nem se podem ver", mas que pretendem juntar os seus sonhos e viverem infelizes para sempre. Só lhe falta a casa*. Enorme, enorme.
E faziam refeições em comum? Tomavam as refeições à mesma mesa? De que se alimentam os sonhos? Os sonhos não vão à rua? Dormiam juntos? Os sonhos dormem?
um ser bambu e um ser árvore: o bambu flexível, intuitivo e a árvore (ou o resto das árvores porque o bambu é uma árvore): mais rígido, talvez mais prático.
Assim os dois sonhos podiam inchar quando lhes dava na veneta. Um podia ficar com a cabeça num dos quartos e ir inchando os pés para uma das salas; o outro podia inchar na sala e ir desinchando para o quarto, sem se tocarem, sem se picarem. Os sonhos megalómanos são balões?
Deve ser por isso que tenho uma amiga grande sonhadora de espaços que diz que as pessoas são mais felizes nas casas pequenas. Se os sonhos forem mais pequenos e tiverem tendência para se aconchegar. Chega-lhes o sol às pontas. Nas casas muito grandes, o sol fica-se pelo meio. Que nem sempre é virtude.
Pelo menos havia um canto por onde se via o sol. Parece. As despedidas são tramadas, as liberdades que se apregoam são armadilhadas... Bjinho (olá! será que consegui comentar-te? devemos ser...incompatíveis??? digo, os nossos servidores ou lá o que seja, desentendem-se no espaço. Há cada vez mais mistério nas relações humanas...)
os sonhos sentavam-se à mesa religiosamente às 20h. Pernas traçadas, sob a mesa comum, para não pisarem os calos uns aos outros. Uns eram vegetarianos, outros, tinham um fraquinho por carnes brancas e ainda, outros havia que só se alimentavam de doces.
Saíam à rua a maior parte dos dias. Gostavam muito de passear.E de beber café em esplanadas debruçadas sobre o mar. E também de conhecer outros sonhos que se iam cruzando com eles nas ruas movimentads das cidades.
Por vezes chegavam a casa já com tanto ar, que acabavam por tropeçar uns nos outros. Quando iam à praia tudo se tornava ainda mais dificil: nunca havia toalhas de tamanho suficiente para ficarem a limpo, de areias e moluscos. Um verdadeiro desespero!
Alguns dormiam juntos, outros tinham insónias e preferiam ficar na sala. Embora um deles ressonasse, a maior parte dos sonos dos sonhos decorria sem incidentes.Enquanto os sonhos dormem não se inquietam, o que lhes ia favorecendo o crescimento (deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer).
Ah! ia-me esquecendo: um deles dormia com um olho fechado e outro aberto, não fosse o diabo tecê-las :))
:) a megalomania é um eufemismo para o que se encerra em cada ser humano.
O meu pai é arquitecto e vai reformar-se agora. Vai ter tempo para me desenhar uma casa igualzinha a essa. (se não te opuseres...) Quando encontrar o meu ser antagónico mostro-lhe o projecto.
Olha porque não em Fevereiro... e ando a tratar de uma de uma amiga nossa da blogosfera que vai expor umas fotos vindas da Índia, estive a ajudar a escolher as melhores e a tratar delas... vai ser na Moita em Fevereiro e quem sabes possas ir lá ver... em breve darei mais novidades. A pessoa é a Tulipa... conheces? Bjocas Nuno
Não sabiam respeitar o espaço dos outros sonhos. Como alguns eram recentes e em forma agigantada, ainda não tinham aprendido a velha máxima: os teus direitos terminam onde começam os dos outros.
e, nos invernos muito frios, cada um tinha os seus caloríferos a aquecer a sua parte da casa. depois, quando o calor se fazia já sentir, tiravam as roupas, abriam todas as portas e corriam para a sala de ninguém, a aquecer noutra chama os seus corpos já mornos.
a casa sorria feliz.
e ficava mais pequena para os aconchegar.
e os sonhos, grandes ou pequenos, davam lugar à vida.
caótica realidade. Acordamos e engolimos o dia, na primeira chávena de café, mastigamos deveres e correrias ao mesmo tempo que cereais, saímos para a rua, sem tempo para perceber as flores que crescem nos canteiros, sem a música da vida, antes, se ter espregiçado em nós.
Trabalhamos, rimos quem sabe das graças do colega que ao lado,acordou inspirado, ou nem por isso, quem sabe descobrisse na graça, o milagre do riso que espanta o cinzento do dia, a ferrugem da vida.
Voltamos para casa a correr, num solavanco domesticado de sacos e ingredientes, jantamos enquanto em nós mais um dia morre...
Chega a noite, o cansaço de mais um dia, igual ao anterior e ao seguinte, pegamos num livro e adomecemos nas vidas diferentes, contadas pelos outros...
Sonhamos glórias e organizamos durante a noite, o caos contido, do nosso destino...
Ainda gostava de assistir a uma reunião de família: O convívio dos sonhos, o diz-que-disse, as intrigas das partilhas, a relação com os pesadelos. Ou talvez não.
46 comentários:
... mas ainda há casas dessas para venda?!
Vou andar mais atento há agências imobiliárias aqui da zona pois tenho um casal amigo que se dão como o "gato e o rato" e por vezes "nem se podem ver", mas que pretendem juntar os seus sonhos e viverem infelizes para sempre. Só lhe falta a casa*. Enorme, enorme.
*Pobre dela.
beijos e sorrisos matinais.
... "... às agências..."
e no antagonismo, a tentativa de vencer pelo poder. sempre o mais forte forçando o mais fraco
E faziam refeições em comum? Tomavam as refeições à mesma mesa? De que se alimentam os sonhos? Os sonhos não vão à rua? Dormiam juntos? Os sonhos dormem?
um ser bambu e um ser árvore: o bambu flexível, intuitivo e a árvore (ou o resto das árvores porque o bambu é uma árvore): mais rígido, talvez mais prático.
essas duas realidades se completam.
um beijinho
jorge
Assim os dois sonhos podiam inchar quando lhes dava na veneta. Um podia ficar com a cabeça num dos quartos e ir inchando os pés para uma das salas; o outro podia inchar na sala e ir desinchando para o quarto, sem se tocarem, sem se picarem. Os sonhos megalómanos são balões?
Deve ser por isso que tenho uma amiga grande sonhadora de espaços que diz que as pessoas são mais felizes nas casas pequenas. Se os sonhos forem mais pequenos e tiverem tendência para se aconchegar. Chega-lhes o sol às pontas. Nas casas muito grandes, o sol fica-se pelo meio. Que nem sempre é virtude.
Besos
fiquei atonita com a dimensao da casa e tao reduzida presença que o comentario perdeu-se nos corredores.
abanaste com o post
beijinhos
Há qualquer coisa de apertado que escorre por entre o espaço (tão) aberto das palavras...
abraços!
Pelo menos havia um canto por onde se via o sol. Parece.
As despedidas são tramadas, as liberdades que se apregoam são armadilhadas...
Bjinho
(olá! será que consegui comentar-te? devemos ser...incompatíveis??? digo, os nossos servidores ou lá o que seja, desentendem-se no espaço. Há cada vez mais mistério nas relações humanas...)
Não há sonhos megalómanos, nem seres antagónicos. Só há há seres megalómanos e sonhos antagónicos.
E casas mal mobiladas...
Há qualquer coisa de sufocante nessa casa... ou?
:))
E não permanece nessa casa a felicidade?
É casa que é refugio dos sonhos, das esperanças e dos desejos... eu pelo menos gosto de pensar que sim! *
Caro Luis Serpa,
isso diz o Senhor que nunca conheceu as pessoas em causa :))
Terríveis, terríveis, é o que lhe digo :))
Andreia,
os sonhos ficaram colados à parede:) A casa continua espaçosa e feliz :)
mdSol :))
ou :))
Bettips,
nada que com uma boa dose de humor não se consiga realizar :))
Tinta Permanente
os sonhos eram tão gigantescos que o ar era comprimido...
Leonor,
a vida é feita de pequenos abanões :)
Lizzie,
sim, são balões gigantes.
Consegues imaginar? :))
Jorge,
Embora se tratassem de sonhos, eram tão densos e em tão grandes proporções que...ocupavam a maior parte da casa...
O bambu refugiou-se na varanda, embalado pelo vento.
A àrvore saiu em busca de alimento.
Teresa,
a cada um o seu poder.
Albertamente Legível,
já não há casas destas.
:))
Rui,
os sonhos sentavam-se à mesa religiosamente às 20h. Pernas traçadas, sob a mesa comum, para não pisarem os calos uns aos outros. Uns eram vegetarianos, outros, tinham um fraquinho por carnes brancas e ainda, outros havia que só se alimentavam de doces.
Saíam à rua a maior parte dos dias.
Gostavam muito de passear.E de beber café em esplanadas debruçadas sobre o mar. E também de conhecer outros sonhos que se iam cruzando com eles nas ruas movimentads das cidades.
Por vezes chegavam a casa já com tanto ar, que acabavam por tropeçar uns nos outros.
Quando iam à praia tudo se tornava ainda mais dificil: nunca havia toalhas de tamanho suficiente para ficarem a limpo, de areias e moluscos. Um verdadeiro desespero!
Alguns dormiam juntos, outros tinham insónias e preferiam ficar na sala. Embora um deles ressonasse, a maior parte dos sonos dos sonhos decorria sem incidentes.Enquanto os sonhos dormem não se inquietam, o que lhes ia favorecendo o crescimento
(deitar cedo e cedo erguer dá saúde e faz crescer).
Ah! ia-me esquecendo: um deles dormia com um olho fechado e outro aberto, não fosse o diabo tecê-las :))
:)
a megalomania é um eufemismo para o que se encerra em cada ser humano.
O meu pai é arquitecto e vai reformar-se agora. Vai ter tempo para me desenhar uma casa igualzinha a essa. (se não te opuseres...) Quando encontrar o meu ser antagónico mostro-lhe o projecto.
Assim deveriam ser todas as casas...
Suponho que deviam chocar muito um com o outro (os sonhos). Apesar do espaço da casa. Beijos
Belo sonho esse num espaço tão pequeno...
Olha porque não em Fevereiro... e ando a tratar de uma de uma amiga nossa da blogosfera que vai expor umas fotos vindas da Índia, estive a ajudar a escolher as melhores e a tratar delas... vai ser na Moita em Fevereiro e quem sabes possas ir lá ver... em breve darei mais novidades.
A pessoa é a Tulipa... conheces?
Bjocas
Nuno
aposto que era uma casa sem tecto. porque essencial, no sonho, é podermos inventar um infinito firmamento, repleto de estrelas.
marradinhas amistosas, amiga arábica.
Não importa o espaço da casa, mas "os seres sonhados".
Viajei pra muito longe.
Beijos.
Pipa,
nada a opor, claro!
:)
Justine
e quentes.
acolhedoras.
sempre com espaço para novos sonhos.
Mariab
tropeçavam um pouco uns nos outros.
Não sabiam respeitar o espaço dos outros sonhos. Como alguns eram recentes e em forma agigantada, ainda não tinham aprendido a velha máxima: os teus direitos terminam onde começam os dos outros.
Pelo menos nos dias de ventania.
:)
Nuno,
quem sabe?
Há realmente espaços de sonho :)
Ainda Nuno,
julgo que não conheço a Tulipa nem o seu espaço.
A India é um pais que já alguns amigos meus visitaram e que sempre fez parte do meu imaginário.
A Moita fica um pouco longe para mim, mas desejo a todos os visitantes umas horas gratificantes :)
Idun,
sabedoria felina preciosa.
Faltavam-lhe as estrelas do firmamento.
:)
Val,
os seres sonhados são seres abençoados.
Fico feliz por teres partido daqui para muito longe :)
Bons vôos :)
...e havia portas fechadas separando as divisões.
e, nos invernos muito frios, cada um tinha os seus caloríferos a aquecer a sua parte da casa.
depois, quando o calor se fazia já sentir, tiravam as roupas, abriam todas as portas e corriam para a sala de ninguém, a aquecer noutra chama os seus corpos já mornos.
a casa sorria feliz.
e ficava mais pequena para os aconchegar.
e os sonhos, grandes ou pequenos, davam lugar à vida.
Triliti Star
Nem sempre.
Havia portas teimosas.
E sonhos pesadelos.
:)
quantas casas, existem assim.
Muitas!
as estatiscas não existem...
beij
Arabica,
Ah, essas casas cheias de espeço, para onde foram? :)
Beijos.
Pi
Os sonhos não são passiveis de estatistica :)
As casas estão em queda, no mercado imobiliário :-)
Alien
Não sei :)
Mas julgo que ficaram acanhadas nos sonhos :)
até esses são essenciais para o equílibrio do cosmos.
se todos estivessem numa sinergia monótona não seria o caos?
ainda que sonhando.
beijo
M.,
caótica realidade.
Acordamos e engolimos o dia, na primeira chávena de café, mastigamos deveres e correrias ao mesmo tempo que cereais, saímos para a rua, sem tempo para perceber as flores que crescem nos canteiros, sem a música da vida, antes, se ter espregiçado em nós.
Trabalhamos, rimos quem sabe das graças do colega que ao lado,acordou inspirado, ou nem por isso, quem sabe descobrisse na graça, o milagre do riso que espanta o cinzento do dia, a ferrugem da vida.
Voltamos para casa a correr, num solavanco domesticado de sacos e ingredientes, jantamos enquanto em nós mais um dia morre...
Chega a noite, o cansaço de mais um dia, igual ao anterior e ao seguinte, pegamos num livro e adomecemos nas vidas diferentes, contadas pelos outros...
Sonhamos glórias e organizamos durante a noite, o caos contido, do nosso destino...
Beijo
Ainda gostava de assistir a uma reunião de família: O convívio dos sonhos, o diz-que-disse, as intrigas das partilhas, a relação com os pesadelos. Ou talvez não.
Rui :)
talvez.
Resta-te o caminho da imaginação :)
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