sábado, fevereiro 21, 2009

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A luz a partir na quietude da sombra. a noite a cair na teia das paisagens que adivinhamos submersas
numa massa coesa
de ervas
ébrias
de cheiros.
nas
raízes alongadas
a beber
me
todos os rios.


sem
esquecer
os
detalhes
microscópicos
da seiva das azedas
dos gumes das pedras
das asas dos melros.
Seriam corvos?




o garrar
dos dedos
a todos os gestos.

lembrar
a inconsistência
das
flores secas
sem
separadores
de página
onde as
reescrever.








As palavras são memórias, nos caminhos rasgadas,

deixadas

ao abandono do solo e do vento.



repito-me no folego do espelho

dos ramos nús.







Não houvesse tanta palavra

tanta raíz

tanta memória

e o mundo poderia nascer de novo.







Música: Blues for a Hip King, Dollar Brand.

Mais um homem que parte, deixando-nos as suas histórias: José Megre.

19 comentários:

Maria disse...

O mundo pode sempre nascer de novo. Apesar de todas as memórias..

Bom fim-de-semana.

Abraço

~pi disse...

outro mundo nascerá duma outra história.

( há-de reciclar as raízes e
torná-las asa,




beijo





~

Anónimo disse...

o mundo renasce a cada poema, querida amiga. um beijo e bom fim de semana.

Bartolomeu disse...

E... amanhã, nova aurora surgirá
e das memórias de um povo novos alentos.
Do gesto, enformado na palavra, gritarão de novo as bocas... LIBERDADE!!!
Estalará a crosta que encerra o tesouro esquecido, enterrado na vaguêz do preconceito...de manhã... amanhã renascerás, fraternidade!
;)

mfc disse...

Mas o mundo nasce de novo e refaz-nos as memórias.

Su disse...

re.nascer~


(gostei das janelas.todas. incluindo a da alma.tua)

jocas maradas de palavras

mdsol disse...

És poeta! Eu acho!
:)))

mdsol disse...

Volto para dizer que também gostei de reparar na forma gráfica que os teus versos formam! E, claro, as imagens são mais do que a preceito!
:)))

maré disse...

se não fossem as asas

dos corvos

seria

re nascer

de raiz es

______

obrigada

Duarte disse...

A transparência das imagens condiz com a lucidez das palavras.

Gostei, saboreei, degustei: palavras que fluem sábias.

Abraço-te, carinhosamente

Alien8 disse...

Arabica,

Além do mais, a parte do poema que fica antes das fotos faz um belíssimo desenho. Ou seja, atacas em várias frentes :)

O mundo, creio eu, pode mesmo nascer de novo. Serei demasiado crente? Talvez...

Um abraço.

Gasolina disse...

Pelas árvores e pelas palavras (tuas) que se enraízam.

Sementes de voltar.

Marina disse...

Música e palavras gostosas a acompanhar imagens maravilhosas.

Eme disse...

A festa florida das palavras em papel recortado que confeccionaste, fizesse todo o mundo o mesmo e renasceria de igual modo. E tu dás vida a algumas raízes, as que contam. as outras rasgas-lhes memórias atirando-as ao vento. que as leve!

beijo

pb disse...

basta querer, todos querermos e o mundo nasce de novo ! Um beijo

coxa e marreca disse...

aqui a prosa é poesia, gostava de escrever assim.bom resto de fim de semana.

Delírios de Maria disse...

LINDO,LINDO. AMEI SEU POEMA.
BEIJOS
VÁ ME VISITAR QUE TEM UM POEMA PRA VOCÊ TAMBÉM.

Arábica disse...

Hoje não respondo aos vossos comentários. Mas agradeço a vossa presença aqui. O fragmentar da solidão de escrever. O quebrar de página, o partir do muro.


Obrigada, um beijo.

pin gente disse...

refaçamos as memórias para nos reinventarmos e inventarmos um novo mundo.
um abraço