Falta-me disposição e tempo para espreguiçar as ideias.
Esticá-las, discipliná-las ao sol.
A minha mãe continua a precisar diáriamente de mim. A máquina da louça avariou. O site do Manel dá erro. O Gerês, o meu amado Gerês, arde. Hoje tenho o jantar semanal de familia e não sei se faça o bacalhau Espiritual se faça o bacahau à Gomes de Sá. Ah! já sei, a filha R. prefere o Espiritual.Tenho muitas saudades da minha filha C. e da minha neta, e não vou poder lá ir, tão depressa. A falta de tempo dá-me a sensação de que ando sempre a correr, sem, contudo, sentir, que fiz algo de importante ou digno de registo. Entre legumes ao vapor e paginas de livros lidas enquanto percorro as ruas da cidade, algo de mim, vai ficando pelo caminho. E na pressa, já não volto atrás, para o recuperar.
Falo de amor enquanto preparo sopas e dou a mão à minha mãe, subind lentamente os degraus até ao meu 2º dtº. Mais tarde, ajudo-a a tomar banho. Deixo a água quente a escorrer sobre o seu corpo pequenino e magro, esperando que as mágoas, dores e medos deslizem com a água. No vapor da casa de banho aquário, há restos de mim que escapam pela fresta da porta. E na urgência de enxugar a minha mãe, sem que ela se constipe, não abro a porta para os recuperar.
Olho para amanhã: talvez me espreguice e volte a disciplinar ideias.
Hoje estou demasiado ocupada. Não tenho tempo para mim.
(segunda-feira, já a parecer terça-feira)
Esperança num amanhã (ainda que fustigado).
.
.
Esperança.
Dá-me a mão. Vês?
.
.
.
. .
.
. .
.
Música: Rabo de Nube, Zuzana Navarova.
2ª: Cantar de Emigração, Adriano Correia de Oliveira.
63 comentários:
Por muito que goste de ouvir esta canção pela voz de de Zuzana Navarova, o que eu gosto mesmo é de ouvi-la cantada pelo meu amigo Manel T. Como ontem.
:)
Precisamos todos com urgência de um varredor de tristezas.
"Né" ??? :)
E para conhecerem um pouco do Manel, cliquem no título do post :)
Vamos lá então conhecer o Manel!
Tens razão quanto ao varredor...
:)))
ascensora
a gramática do sol
além disso
[da mão]
as minhas glicínias
violetas de sangue
___---
beijo
mdsol,
da ultima vez que lá fui, ouvia-se música. Hoje não consigo. Quem sabe, seja do meu servidor.
Beijos.
maré,
a minha mãe encontra-se um pouco debilitada há cerca de uma semana.
O dá-me a mão, agora, de filha para mãe.
Também estes, laços violetas de sangue. Com olhos de esperança.
Um beijo.
Arabica,
E agora vim ouvir a música, e agradeço de novo. É uma boa interpretação. Suave. A do teu amigo Manel T. não conheço, mas deve ser muito boa, para a preferires a esta! :)
Que o varredor de tristezas faça o seu trabalho. Que a tua mãe melhore depressa.
Um beijo.
Alien,
foi cantada por ele que a ouvi pela primeira vez, já há uns sete anos e ele canta com muita garra, tanto na voz como no dedilhar nas cordas da guitarra. Deve ser por isso. :))
Não tens que agradecer.
Um beijo
Arabica,
Já fui ver o site...:)
Parece-me um excelente projecto.
Só não deixei nada no livro de visitas porque é obrigatório dar o endereço de email, e reparei que o publicam nos comentários... e não quero divulgá-lo a toda gente. Mas podes dizer ao teu amigo Manuel T., da minha parte, que gostei do que ouvi (além do que acima disse).
E, já agora... delicadamente..., não faria mal corrigir o título da canção com poema do Saramago para "Há-de Haver", em vez de Hade Haver. Foi um lapso, mas num site de apresentação do projecto, aliás muito bem feito, não cai lá muito bem.
Um beijo.
Alien,
Reparei no endereço e fiquei assim como tu. Não deveria aparecer.
E também, reparei no Há-de. Não sei se é ele que "toma conta" do site, julgo que actualmente não tem net, mas segunda feira falo com ele.
Obrigada pela atenção que dedicaste ao Cais da Saudade.
:)
Mais beijos.
... não consigo ouvir o teu amigo Manuel. Mas confio no teu proverbial bom gosto.
Sobre a esperança... era verde; veio um árbitro e comeu-a.
Beijos e sorrisos amarelos.
Querida Arabica
Ou sou um desses varredores... esperança e optimismo é o que precisamos, e sempre conseguiremos a mudança...
Um beijo
Daniel
Creio que só mesmo de mãos dadas...
(foi então dois dias depois de mim:)) retribuo o beinho especial, carregado de esperança e sorrisos para mais um ano!)
queria dizer beijinho, claro! Aí vai outro, bem escrito: b e i j i n h o
eu dou-te a minha mão, cara amiga! e mando um abraço...
Tudo de bom, o que por aqui encontro, mesmo bom!
As nuvens, essas nuvens, como brincam!
A música embala-me numa melancolia desejada. Gosto.
Beijo-te com delicadeza
Boa música e ainda bem , procurarei saber mas da cantora ...
Boa semana...
Um beijo
____________ JRMARTO
Ó moça, vamos lá varrer as tristezas quanto mais não seja, pra debaixo do tapete ;-)) vou espreitar o Manel, um beijo
estendo na tua direção a minha mão e deixo-te um sorriso (hoje, por acaso, também um pouco cansado).
um beijinho
Será da Primavera?
Muito bom dia.
Há uma canção que diz que amanhã é sempre longe demais. Chega a parecer que sim.
Hoje, quando a casa adormecer, venho cá para vos responder.
Se respondesse agora, corria o risco de falar de nabos, cenouras ou outro qualquer vegetal em troca de músicas e beijos :)
Ontem não consegui nem ouvir o Adriano nem ler a primeira parte do teu post (não me perguntes porquê.Mistérios da informática)
Que magnífico retrato de um quotidiano cheio de amor (e muito feminino)
Beijo
Antes de mais as melhoras da tua filha-mãe.
Às vezes apetecia prender o Tempo com uma guita: fica aí sossegado que eu quero viver parada um bocadinho, quero entrar na fase contemplativa sem ruído, velocidade ou sensação de mero e raquítico instante. Quero-me suspender sem pensamento urgente ou aflito.
E o às vezes é tantas vezes tantas, quantas mais quanto maior é a penúria.
Mas enfim, ficamo-nos pelo "amanhã", que já é uma boa e consciente forma de não morrer sem dar por isso.
Beso.
"Falo de amor enquanto preparo sopas". uma frase de antologia...
admirável texto.
beijos
... eu não quero comentar nada, mas quero deixar aqui um abraço sentido, sentido, Arábica...
Tocante!
____________ JRMARTO
ESte texto não estava cá ontem pois não?
Gostei de ler! Força. Possivelmente o teu tempo agora é mesmo o tempo dos teus. Mas, não é sempre assim?
beijinho
:))
"corria o risco de falar de nabos, cenouras ou outro qualquer vegetal"
Penso que até gostaríamos de te "ouvir" falar de nabos, sem ter que criar um bloggue de culinária!
eu por exemplo, fiquei curioso de como seria o tal bacalhau espiritual, mas achei que seria descabido.
pois é, foi um comentário muito "terra à terra", desculpa.
beijos
Alberto,
para o escutarmos temos que fazer um download a uma qualquer "gerigonça". Confesso-me uma naba em "sites". Antes não fosse. Ainda esta semana, num final de tarde, vou tratar de aprender.
Um abraço
Carissimo Daniel,
sim, tu és um varredor de tristezas!
Ainda gostava que me desses a receita infalível, para aqueles dias em que acordamos com o coração nas mãos. :)
Um beijo, Daniel Varredor de Tristezas :)
Ainda que seja uma reiteração, gosto desse modo de expressar-te, tão teu.
Palavras cheias de vontade de viver e de ajudar, mas no risco que marca a separação do que devo e do que posso. Assim é a vida, mas nada há como o do calor da casa e da família. Hoje cansa, mas amanhã não dói: é a satisfação do dever cumprido.
Beijo-te, lamentando não poder ser útil
Justine, peixinhas somos :))
E como deves perceber a dualidade do nosso signo, confesso-te que ontem não existia esta primeira parte, nem o Adriano cantava.
Hoje, em lugar de um novo post, decidi aprofundar as pequenas frases existentes.
E acrescentar esta nova música.
É um retrato que me sensibiliza muito. Ocupa-me mais o pensamento que o tempo. Fragiliza-me também a mim. Chegou o tempo de realizar, mais que escrever. E não pensar demasiado, para não quebrar. Deixar a vida fluir.
Um beijo grato pelas tuas visitas.
:)
Li,
obrigada. Está quentinha. :)
e retribuo o abraço.
Duarte,
espero que gostes igualmente de Adriano. Aposto que sim.
Um abraço.
Marto,
também pouco sei de Zuzana Navarova. Mas gosto imenso desta música.
Abraço.
pb,
há anos que ouves falar do Manel! :) já não era sem tempo, se desse :)
Ainda não é desta.
Mas um dia será.
Beijinhos e boa semana.
PS-já sabes que eu não consigo varrer tristezas rapidamente!
Duarte,
não é bem isso: é que eu sou frágil. Envolvo-me emocionalmente. Preciso (eu própria) de me limitar para que o equilibrio permaneça.
Preciso de um certo tempo e espaço para carregar as baterias e poder ajudar. Percebes, amigo? A emoção, o medo, as dúvidas também me andam à flor da pele.
Obrigada, as visitas são sem dúvida um incentivo ao sorriso. :)
Ajuda mais que útil.
Beijos
Coxita,
-vamos lá embora todos de mão dada! :)
Por vezes o cansaço -e nem estou a falar do fisico- toma conta de nós.
É tempo de agitar as penas.
Respirar fundo e voar.
Beijos
Telinha,
sempre mau prenuncio a Pimavera para os que já contam muitas.
Que não seja da Primavera.
Um beijo
É verdade, Lizzie.
Prender o tempo, prender a vida, prender as forças que animam o corpo. Prender o sorriso.
Afastar o medo, o dela e o meu.
Incutir-lhe confiança.
E andar para a frente.
Não me deixar cair.
Correr atrás do sol.
Para lho levar no rosto, no dia seguinte.
Gracias, Zizzie.
Heretico,
escrevi de rajada, como que a libertar-me da tristeza, para poder viver, depois.
Como se depois de escrito, tudo fosse simples.
E foi.
Um abraço.
Marto,
soube-me bem esse abraço.
E esse silêncio sentido.
Retribuido fica o abraço.
Pois não, Mdsol!
Obrigada pela força.
E pelos sorrisos.
O tempo é tudo o que "conseguirmos" fazer com ele.
Lá voltamos à lenda das fadas do lar :)
Xi coração :)
ai ai vandinha... o adriano mata-me
Eu canto para ti um mês de giestas
Um mês de morte e crescimento ó meu amigo
Como um cristal partindo-se plangente
No fundo da memória perturbada
Eu canto para ti um mês onde começa a mágoa
E um coração poisado sobre a tua ausência
Eu canto um mês com lágrimas e sol o grave mês
Em que os mortos amados batem à porta do poema
Porque tu me disseste quem em dera em Lisboa
Quem me dera me Maio depois morreste
Com Lisboa tão longe ó meu irmão tão breve
Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro
Eu canto para ti Lisboa à tua espera
Teu nome escrito com ternura sobre as águas
E o teu retrato em cada rua onde não passas
Trazendo no sorriso a flor do mês de Maio
Porque tu me disseste quem me dera em Maio
Porque te vi morrer eu canto para ti
Lisboa e o sol Lisboa com lágrimas
Lisboa a tua espera ó meu irmão tão breve
Eu canto para ti Lisboa à tua espera...
Zé,
Aqui fica a receita:
http://receitasdeculinaria.blogs.sapo.pt/8134.html
Há várias e diferentes.
Já não seria a primeira vez que se falava de vegetais fora de um blog de culinária. A tua ideia não é peregrina. :))
Muito terra a terra o teu comentário? Sim. De onde mais vêem afinal, os legumes e vegetais? :))
Beijos.
Amiga,
dá-me a tua mão. Vês?
Não estás sozinha.
E o Adriano acorda-nos o coração.
Não nos mata.
Embora (às vezes) se possa sentir a dor que nos confunde.
Abraço-te.
Rui,
um abraço.
Fico com a musica. :)
Fizeste-me chorar...
Isto por aqui anda muito por baixo!
Música linda e triste.
Espero ansiosamente por melhores dias...
Abraço
:) eu optava pelo bacalhau com natas :) amiga, leio-te e sinto que precisas de ajuda na cozinha... e eu que adoro estar lá metida não posso ir ajudar-te... bem sabes que o faria como se fosse a minha avó... também mal... não desanimes, que serás compensada. tenho a certeza! um beijo grande.
Assim é, amiga. Muitas vezes, tanto nos ocupamos que não sobra tempo para nós. :( Boa semana, que o tempo te ajude! :)
truz truz. entro porque venho tarde. também a minha máquina de lavar a louça não anda bem eheheh
mas ninguém passa lá por casa :(
pssst?
:))
ia-me prometendo mais uma pequena dose, adiando, adiando...
gaita que a vida tem tantas escadas e mãos para segurar.
Ah..
estou à espera. mas põe-te serena primeiro. (eu faço o mesmo.)
Beijo Arabica
Rosa,
escuta o vento!!!
Vamos com ele?
Amiga, lamento ter-te feito chorar.
Nem sei que te diga.
Um abraço. Vale?
E o vento, Rosa e o vento!
Alice, o molho bechamel é mais saudável! :))
Agradeço a tua ajuda :) e podíamos ir tagarelando, bebericando um tinto Dão, comendo um queijinho! :)) Eu gosto de cozinhar, enquanto penso; é uma forma de descomprimir.
Hoje já estou mais animada.
Beijinhos meus
Árabe, às vezes precisamos de tempo para nos posicionarmos, sei lá, escolher um caminho a seguir, decidir uma estratégia com vista ao equilibrio e harmonia de todas as partes.
Que não me falte tempo para o sentir.
Abraço.
Oh Teresa,
entra! A porta está sempre aberta.
A máquina foi deitada para trás e parece que ficou boa. Não me perguntes como :) mas parece que está relacionado com água que ficou no filtro da última lavagem.
Desta já me safei :)
Experimenta :))
M.,
a três mãos é mais fácil.
E parece que o vento traz animo ao espirito.
Serenando.
Um abraço.
a minha Humana ADORA cozinhar. e sabe do afecto que, por vezes, se pode pôr na confecção de um prato - mesmo sem usar receita.
marradinhas, ronrons
Arabica,
Com mil bombas! Só para ler aqui a "Canção com lágrimas e sol..." já valeu a pena a visita!!! Obrigado a quem se lembrou de a colocar nesta caixa - e o Adriano não mataria Alecerosana. Nem o Manuel Alegre.
E uma coisita mais... verifiquei na minha edição (D. Quixote, 2000), do livro que agrupa a "Praça da Canção" e "O Canto e as Armas", que foi omitida a estrofe não cantada pelo Adriano, certamente por não se enquadrar na música. É estranho, mas... aqui a cito de memória - e espero não me enganar:
A seguir a "Que nunca mais acenderás no meu o teu cigarro":
"Que nunca mais dirás as coisas sem importância
Que tinham a importância de serem ditas por ti,
Que nunca mais dirás as coisas importantes
Que já não têm importância, porque tu não voltas."
E assim se completa o poema - e eu gosto muito desta estrofe "perdida".
Gatinha,
a tua Humana tem muitas particulariedades em comum comigo, é verdade.
Sem receita, na maior parte das vezes, vamos fundindo afectos, esperanças e pesares nos cremes de cenoura que prometem milagres, entre folhas de agrião que lembram tenacidade na sua imensa fragilidde e bagos de arroz, beijos.
Quando ficam muito fortes, as sopas, é porque decerto farão bem :)
Marradinhas e ronrons para ti também.
Alien,
mil e uma bombas celebrem tua chegada!
Pena não vires a tempo de ouvir o Cantar de Emigração que sempre tanto me emociona. Como se a Galiza de estendesse sem fronteiras e nos limites se confundisse com a nossa terra, nosso sangue.
Como vês pelos comentários, não foi só o meu coração a emocionar-se, somos muitos.
Obrigada, Mestre, por essa estrofe que ficou perdida da Voz de Adriano.
Trouxeste-A tu.
E ainda bem. Em bom tempo chegou.
Abraço.
Arabica,
Somos muitos, de facto! E nenhum é mestre :))) Ou então somos todos!
Mil e uma bombas está bem :)
Sobretudo considerando que foi a terceira visita a este post:)))
Um beijo.
Enviar um comentário