Pergunto-me e pergunto-vos (se por acaso, se sentirem inspirados a, com tempo de, com pachorra para) se na meia idade, algum momento será capaz de, metafóricamente, ser o cais de chegada ao nosso primeiro cais de partida...?
Isto é, divagando através das aprendizagens obrigatórias e colhidas durante os trinta anos que separam ambos os cais, vagabundeando através das inúmeras estradas experimentadas ao longo dessa viagem temporal, pergunto-me se ao chegarmos a determinado ponto da linha traçada da nossa vida, poderemos considerar o traçado, rampa de lançamento para a restante linha ainda difusa que, a nossos olhos, é o futuro...?
Quero acreditar que sim, que ainda somos capazes desse grandioso empreendimento que é a vida, com todas as vantagens e desvantagens que as experiências de vida nos trouxeram, de conseguirmos, a partir de certo momento, fazer as escolhas mais acertadas para nós, termos a visão que nos permite actuar com serenidade e a sabedoria que nos incitará a dar -ou não- um passo em relação a essa nova e magnifica viagem, a que chamamos recomeçar...
Sentada numa estação de comboios, entre partidas e chegadas de rostos que nada me dizem, quase me atrevo a acreditar que, a magia de toda a viagem estará encerrada nesse mesmo desafio de nós próprios, conseguirmos chegar a descobrir e a compreender, sem véus ou falsas ilusões, essa mesma e única essência, que um dia nos levou a partir e nos trouxe de volta a nós...
naquele exacto momento...
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Música: Walk of Life, Dire Straits
Há 10 anos
52 comentários:
gostei muito da tua reflexão. muito expressiva a tua escrita.
beijo.
tens um desafio no "relogiodependulo". espero que "cole" rss
As circunstâncias também nos determinam... Bjs
sempre penso que a magia essencial da vida tem de ter doces e agradáveis ilusões. Num livro, numa música ou num passeio. numa história a ser escrita. Porque se a magia resumir-se aos dias cinzentos e de tempestade lá fora, trabalhar tantos anos sem que exista um significado que nos explique o porquê (sim, o homem não foi feito para trabalhar!), e com a minha completa falta de serenidade e sabedoria... nã! uma boa história a criar com enredos de fantasia são os melhores momentos que se podem ter!
Dire Straits que bela escolha, um conjunto que me diz mto do tempo qdo era um adolescente :-)
Tens aqui uma bela reflexão mto bem escrito e gostei amiga.
Obrigado teu comentário e o passeio de barco foi mesmo o almoço da empresa onde trabalho... é para te deixar ainda com mais inveja não é :-)
E claro aproveitei para fazer além de fotos sobre Lisboa uma reportagem desse almoço para a empresa pois claro... trabalho este que faço de bom agrado e com prazer... não o outro ihihhi
Bjs amiga e um bom Domingo para ti,
Nuno
Claro!!! Nunca é tarde para recomeçar. Só faz falta esse empurrão definitivo ao que te leva os altos voos da imaginação.
Observo que es impulsiva, te expressas muito bem, ou seja, possuis as qualidades imprescindíveis para o arranque... arranca, e feliz voo.
O futuro é uma incógnita, vive intensamente o presente, nunca te arrependerás: amanhã já pode ser tarde demais.
Um grande abraço
O teu texto fez-me pensar...o que tenho de fazer hoje é ser feliz, e não esperar que amanhã me sinta melhor para o poder ser. É assim que as coisas devem ser
beijo*
Pequeno esclarecimento :)
Duarte, até devido a essas caracteristicas que me atribuis :) a reflexão não estava centrada em mim, mas sim e de forma generalizada, na vida e na capacidade de, a certo momento, "consertarmos" o que estava quebrado, fragilizado, carente, por resolver...
Um abraço para todos e um bom domingo!
Olá Arabica
Glosando John Updike, compete-nos a busca insecessante de «Alegria, paixão e beleza»
Bjs
Em todo o acordar do momento (segundo) seguinte somos um recém-nascido, em que o mundo anterior (o passado)se confunde com a genética.
Que se deve encarar com bonomia.
Há sempre um tempo de recomeço, a hora de viragem, qualquer que seja a nossa idade. Podemos pôr sempre, sem quisermos, o relógio a andar ao contrário...
A deslumbrante metáfora do filme "A estranha história de Benjamim Buttom" ajuda-nos a ver isso com clareza.
Ora meia idade, meia idade...
Eu acho que isto ainda não é comigo.
Muito boa noite, Dona Arábica.
Oi, querida.
Boa semana para você.
Beijos.
Ah, adorei a foto.
Sem hesitar eu respondo SIM à pergunta do teu primeiro parágrafo...
Sim, e sempre...
Beijo
que reflexão imensa me proporcionas. e de facto, as partidas são necessárias mesmo que esvaziem o cais de vida. as chegadas equilibram a balança. enchem-nos os olhos. preenchem os vazios. mudam os destinos.
muito disto sob o poder das nossas mãos.
beijo
esse encontro connosco não é quando estamos com os outros?
Creio ser eu quando me emociono, quando me irrito ou quando simplesmente medito ou divago.
Como o José acima diz, as circunstancias tb nos determinam e essa busca de nós não será a melhor parte de nós que procuramos incessantemente?
Depois de ter lido Yargo pelos meus 12 anitos, pensei sempre que o trabalho/obrigação nos afastava das essencias. Porque o mais importante não é fazer mas ser. Tento fazer o que fazes nos momentos de reflexão e nos outros viver a mil, o mais intensamente que me seja permitido (depois dos trinta, o reflexos não são os mesmos mas o conhecimento afina-os) e acredito que quando o futuro chegar, estarei aqui de chavena de café na mão, entre um cigarro, um livro ou uma leitura, agradecedendo fazer parte.
Boa semana e no stress ;)
Arabica,
Deves ter reparado que acabaste por responder à tua pergunta... :)
A ciência (ou a sorte!) estará em conseguir determinar qual o tal ponto da linha, e até talvez qual a linha...
Ou então podemos (sem querer caír na falácia) considerar que todos os pontos do nosso percurso passado são rampas de lançamento para o futuro: o segredo está em aproveitá-los, seguindo, sempre que possível, a melhor direcção. O que, naturalmente, significa perdermo-nos muitas vezes, desorientarmo-nos, procurarmos... e não será isso o sal da vida?
É domingo, quase meia-noite, nestas alturas dão-me ataques de filosofia barata, por isso peço desculpa de não ter estado à altura do teu excelente texto.
Amanhã... quem sabe... :)))
Boa semana e um beijo!
Boa noite Heretico :)
Só agora tenho disponibilidade para responder aos comentários, por isso, obrigada pelas tuas palavras.
Já vi o desafio :))
Cola, sim :))
(agora tenho de descobrir a quem o colar, também rsss)
Um beijo
José Manuel,
obrigada por esta tua visita.
É sempre um prazer.
Claro que as circunstâncias é que determinam, mas, sabes? Apercebo-me nos meus passeios e nas minhas "vagabundagens" de imensas vidas estagnadas, como se um elo há muito se tivesse quebrado e olhando para as pessoas em causa, fico muitas vezes espantada porque acredito-as capazes da tal mudança, do tal encontro, consigo mesmas e com os outros.
Fico muitas vezes a pensar porque não se atrevem...a fazer de forma diferente.
Um abraço.
Teresa
e que tal sermos os personagens de uma maravilhosa história escrita por nós mesmos? :))
Também tem a sua magia, embora possam ocorrer tempestades e relampagos :))
Um beijo
Nuno,
os Dire Straits foram a música de berço das minhas filhas, muitas vezes :))
Impossivel não os ouvir naqueles primeiros anos dos 80's :))
És um sortudo em poder misturar trabalho e prazer :) embora todos nós conheçamos aquele ditado que diz que trabalho é trabalho e conhaque é conhaque ;))
Obrigada pelas palavras e pela visita, Nuno.
Um beijinho
Duarte,
em primeiro lugar quero agradecer as palavras, o incentivo para o vôo que já decorre e dizer-te que partilho da tua opinião, que a vida deve ser vivida e esclarecida o suficiente para que as pessoas possam usufruir de tudo quanto ali têm, muitas vezes mesmo ao lado.
Um beijinho, mais uma vez
Kris,
o que devemos é pegar no passado e transformá-lo com alguma sabedoria em lições preciosas.
Ser feliz acontece sempre, mais tarde ou mais cedo.
Ser feliz não é uma obrigação:) é um estado de espirito natural que acontece quando todo o "eco-sistema" está equilibrado....
O tempo é um grande aliado :)
Um beijo agradecido pela visita e esperando "ver-te" mais vezes :)
JPD
a busca incessante.
E dizes tudo.
Abraço, boa semana.
Zé
Encarar o passado com bonomia, é uma frase muito profunda: nela está contida o perdão pelos outros e por nós próprios; olhar-mos de forma bondosa o nosso passado, os nossos erros, as tantas vezes que nos enganámos, as tantas vezes que poderíamos ter feito de forma diferente, traz-nos paz e serenidade...
E sabes que muitas vezes a genética está mesmo misturada nisso tudo à sucapa?
Beijo, boa semana
Justine
ainda não vi "A estranha história de Benjamim Buttom", mas sei que sim, que nela está contida toda essa magia surrealista de invertermos os ponteiros do relógio...
Nos transportes públicos, onde vejo diariamente tantos rostos tristes e vazios, deveriam existir slogans lembrando o tic tac dos relógios...nos centros de saúde também...e... quem sabe? Nas grandes multinacionais também :)
Um beijinho, Justine, obrigada pela dominical visita e um bom inicio de semana :) tic tac tic tac :)
Telinha minha querida
e ainda bem!
Quando chegar a sua vez vai ser decerto poupada a muitas preocupações!!
Já sabe que basta um simples TAC para o AMOR, a MALDADE e a HIPOCRISIA serem diagnosticados???
Veja lá bem :))
Isto é um primeiro passo, mas um primeiro passo de gigantes, não lhe parece?
Sortudas das míudas com a idade da Telinha, que em caso de dúvida, pedem um Tac ao namorado e fica o caso resolvido ;))
Cá para mim, acabaram-se os divórcios e uma data de casamentos condenados ao fracasso ;))
Beijinhos e uma boa semana :)
Val
obrigada :))
E uma semana cheia de alegria para ti também!!
Alegria de estar viva e saber para onde vai! :)
Beijinhos lusitanos!
Maria
gostei muito da tua resposta decidida, rápida e sem margem para dúvidas :)
Assim é que é.
Um beijo e uma boa semana!
Minha querida M.,
tanto partidas como chegadas mudam-nos o destino e nem sempre precisamos sair do nosso "habitat" para vermos a mudança acontecer.
Basta sairmos do comodismo, do silêncio, do deixar andar...
Um beijo a três mãos.
Sempre.
innername
pode ser com os outros e pode ocorrer quando estamos sós e damos connosco a divagar, a "escarafunchar" (desculpa o termo, mas é o unico que me vem à cabeça) no que nos incomoda, entristece, nos torna sombras do que podemos ser, julgo eu.
Concordo plenamente contigo: o trabalho distrai-nos, quase nos torna alienados em relação às causas mais importantes da vida.
Senti isso nos meus ultimos anos de vida profissional. Uma neessidade incrivel de pegar em mim, sentar-me "aqui" (entre aspas porque nessa altura não imaginava este "aqui") e com calma e clareza perceber tudo o que eu queria, tudo o que eu necessitava, tudo o que teria de procurar; ter tempo para mim, ao fim de uma vida a ter tempo para os outros (familia, amigos, colegas, trabalho).
Cá estou, sentada na primeira cadeira que comprei e que atravessou comigo quase uma vida, com uma caneca de café ao meu lado e com um ciagarro na mão.
Neste momento sinto-me uma pessoa abençoada, porque, por fim, realizo um dos meus sonhos, um dos meus maiores projectos: ter tempo para mim! Nunca o tinha tido como neste momento o tenho: ter tempo para as coisas que mais curtimos fazer :)
E em paz :) e grata, muito, muito grata, por fazer parte :))
Pela tua visita e palavras também :))
Um beijo e boa semana :))
Alien
reparei :) já sabes que eu raramente me contenho nas palavras escritas :) {ando até desconfiada que daria uma óptima agricultora de cerejas, rsss}
Pegando (salvo seja) no que escreveste "A ciência (ou a sorte!) estará em conseguir determinar qual o tal ponto da linha" a que eu chamei de magia, porque determina a viragem sábia, é realmente para mim, deste ponto de vista fundamental: o momento certo para o encontro e o equilibrio.
Não vale a pena forçar.
Se for cedo demais não resulta, se for muito mais tarde, já muito se perdeu.
Tu estás sempre à altura seja do que for, sabes muito bem a admiração que tenho por ti, pela tua filosofia, pelo teu humor e pela tua modestia, portanto... ;)))
um beijo e boa semana!
Ah!!! E pela tua poesia, Alien!
amiga,
capazes ou não cá vanos, sempre para a frente, mal ou bem, mas fazendo os possíveis.
e querendo!
Margarida
enquanto se quer e se faz os possíveis, a mudança vai acontecendo!
:) beijo
..eu penso que a sensatez
é olhar a vida com olhos
de ver, sem conjecturas,
de isso ou aquilo.
simplesmente deixar-se partir
e chegar.
mesmo porque, cada vez que
dasatamos um nó,
outro se formará no lugar.
este é o desafio do viver.
bjus, linda.
obrigada pelos carinhos
lá no meu cantinho, e tbm
por me seguir, o que é
uma grande honra.
Viv
"cada vez que desatamos um nó, outro se formará no lugar" :) gosto muito dessa ideia que nos deixas...
...talvez a vida seja um extenso "colar" de nós, separando pequenas pedras preciosas, que nos cabe decifrar, para podermos gozar de toda a sua amplitude...
...que por incrivel que te pareça é o tema de post, sobre o qual tenho andado a pensar :)
Há alguns meses atrás as noites de insónia eram preenchidas na divagação sobre esses mesmos nós...
Julgo que agora :) concentro-me mais nas pequenas pedras multicolores :)
Incrível este teu comentário, Viv :)
Um abraço
para reflectir, mas eu sempre digo...para a frente é o caminho...
e lá vamos nos....
beij
para reflectir, mas eu sempre digo...para a frente é o caminho...
e lá vamos nos....
beij
Mas o bom é escrevermos a tal história! Mergulhar nas imagens que vemos e transcrever todas as vivências!
(sei de rituais para encaminhar os mortos, agradecer colheitas e mais uns quantos ligados à natureza. Mas sobre a chuva... só mesmo inventando!)
Sol
para a frente, metafóricamente,
mas pode ser apenas um passo ao lado :))
Beijos
Teresa
é mesmo isso :)
Conseguir perceber para escrever.
E de quando em vez, escrever para perceber :)
Inventamos uma dança tribal anti chuva, Teresa! :) Cá no seio da minha familia estamos muito necessitadas :))
Preciso de toda a ajuda de feiticeiros, magos e discipulos de magia :))
Beijos
Não contes com a minha ajuda.
As únicas feitiçarias que aprendi são as de fazer chover.
Suponho (agora) que será magia negra?!
Os cais de chegada ou de partida são, invariavelmente, sempre diferentes. Em tudo. Mesmo que sejam, paradoxalmente, também iguais. Em tudo. Afinal, creio, a lonjura que os separa, não está tanto no tempo, mas antes na forma como viajamos por esse mesmo tempo...
Depois, depois também é bom que se procure dar a dimensão correcta a tudo que parte e a tudo fica...
abraços!
As minhas palavras estão dirigidas ao ser hipotético ao que fazes referencia na tua exposição.
Abraços para ti
Zé
Negra, escarlate, pérola ou de outra qualquer cor ou tom, é bem vinda, desde que a chuva pare :)
Por uns breves sete dias, nem pedíamos mais :)
Só o tempo de um vestido (que ficará para sempre na memória das mulheres acima referidas) avançar em direcção ao mar, esvoaçar nas nuvens e ser cúmplice na realização de um dia que não queremos se volte a repetir na vida da menina grande que o vai vestir :)
Enfim :) talvez os deueses a ouçam :))
Tudo é possível.
Tinta Permanente
a distancia emocional ajuda sem dúvida a perceber a dimensão.
Por essa percepção se parte,
por essa percepção se fica,
por essa prcepção se volta.
Para voltar a partir, mas já bem conhecedores do que somos, desejamos, gostamos, necessitamos...
Abraços, gostei da visita :)
Duarte,
sim, sem duvida, mas escreveste de forma tão efusiva (eu também sou assim) que não queria que ficasses a pensar se seria eu que estava com dúvidas em levantar vôo :))
Ai levanto levanto :)) e se o sol chegar ainda vôo mais longe :))
Arabica,
Ok, Ok, the check is in the mail! :)))))))))))))))))))))))
E mais: sabes que tudo isso é mútuo.
Boa semana.
Alien
:)
Obrigado pelo desafio. espero responder logo que tenha um tempinho.
Bjs
Fico satisfeita por o saber, José Manuel!
Um beijo
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